Dublagens de Beyoncé, Whitney Houston e Rihana animaram o Anexo LGBT do Presídio de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na última sexta-feira, 03.07. Houve também apresentações de funk, exposição de artesanato e leituras de textos e poesias.
Essa espécie de edição especial do ‘Dia da Beleza’, já institucionalizado pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) em Vespasiano e no Pavilhão LGBT da Penitenciária Professor Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas, foi a oportunidade que os detentos tiveram para celebrar o Dia Internacional do Orgulho LGTB, comemorado no dia 28.06 em diversos países.
A unidade prisional adotou como slogan do evento a frase ‘Consideramos justa toda a forma de amor’, da canção interpretada por Lulu Santos ‘Toda a Forma de Amor’.
Em Vespasiano e em São Joaquim de Bicas é permitido o uso de esmalte, cabelos compridos e maquiagem. Em Vespasiano o Dia da Beleza ocorre às quintas-feiras e, em São Joaquim de Bicas, às sextas-feiras. Nessas ocasiões os detentos transformam o pátio de banho de sol num verdadeiro salão e se ajudam para cuidar dos cabelos, das mãos, pés, sobrancelha e depilação.
O Anexo LGBT de Vespasiano tem capacidade para 34 presos e hoje está com 60. Atende exclusivamente detentos gays, travestis, bissexuais e transgêneros que expressem desejo de aguardar julgamento ou cumprir pena apartados dos demais presos.
Festa
Paola Abuso, nome social de um dos presos, disse, enquanto se preparava para subir ao palco, que o cabelo é o item mais valorizado na ala LGBT. “Estou há cinco anos presa e manter a vaidade seria algo impensável em qualquer outro lugar. Isso ameniza o peso de estar privada de liberdade”, observou.”
Uma das organizadoras do evento, a pedagoga Paula Cristiana Franco Oliveira Sales destaca que a manifestação artística é uma grande alegria para a comunidade LGTB do sistema prisional. “Chegam até a diminuir a procura por remédios para dor de cabeça na enfermaria”, assegura Paula.
Para o coordenador especial de Diversidade Sexual da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Douglas Miranda, o fato de essas pessoas dançarem e cantarem é sinal de que estão felizes e são respeitadas. “Elas são tratadas com dignidade e isto ajuda na busca de outros caminhos quando tiverem a liberdade.”
Reflexões sobre o Dia do Orgulho LGBT foram trabalhadas previamente em sala de aula pela professora dos primeiros anos do Ensino Fundamental, Efigênia Pinheiro Araújo, dentro da escola instalada no Presídio de Vespasiano. “Os alunos produziram textos e fizeram várias leituras. Muitas de suas histórias de vida são emocionantes”, conta Efigênia.
Por: Bernardo Carneiro
Fotos: Wellington Pedro/Imprensa MG
