Presos trabalham em construção de sala da OAB

Durante a construção dos parlatórios e da sala da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Penitenciária Professor Pimenta da Veiga, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, dois profissionais foram descobertos pelo empresário e mestre de obras Itamar Caetano de Matos. Essa é mais uma história de sucesso que consolida a vocação do estabelecimento prisional de fornecer mão de obra para indústrias e para a construção civil da região.

Entre os muros da Pimenta da Veiga, há duas oficinas de montagem industrial, uma de microaspersores de água para jardins e lavouras, e outra de reparos de pneus de caminhões.

Oficina de montagem industrial de microaspersores de água para jardins e lavouras.

A primeira emprega oito homens e dez mulheres, montando cerca de 30 mil unidades por semana para a empresa Rivulis Plastro Irrigação, que importa os componentes de Israel. A segunda ocupa 24 homens que produzem de cerca de 140 mil peças mês para a empresa Vulcaflex.

Carlos e Agenor na construção da sala da OAB.
Na obra dos parlatórios e da sala da OAB, os presos Carlos Alves Rodrigues, de 43 anos, e Agenor da Silva, de 66 anos, trabalharam como pedreiro na obra da unidade, que no momento está em fase de acabamento. Os toques finais estão a cargo de 12 presos. Já Carlos e Agenor deram um passo à frente. Como ganharam o benefício judicial de autorização de trabalho externo, foram contratados pelo empresário Itamar para construção residencial e para a instalação de um gerador num hotel da cidade.

O diretor-geral da penitenciária, Rafael Rodrigues dos Santos, diz que o incentivo ao trabalho tem produzido um impacto positivo no ambiente interno. “Os presos que trabalham se sentem valorizados e influenciam os colegas de cela com bons exemplos de comportamento”, observa.

Confiança

O empresário Itamar conta que ficou impressionado com a qualidade do trabalho dos presos Carlos e Agenor na obra da OAB. “Pedi aos dois autorização para conversar com os parentes deles por telefone. Faço isso há muito tempo, como forma de obter referência na família sobre os meus prováveis futuros funcionários. Olha, se a esposa, a mãe ou um irmão falam mal do preso, não me arrisco a contratar, algo está errado. Há vinte anos trabalho com ex-detentos ou com pessoas em cumprimento de pena e nunca me arrependi”, conta.

Ele diz que coleciona histórias e experiências incríveis no contato diário com esses empregados. Cita o caso de um detento que estava em depressão, falando frequentemente em suicídio. Depois de alguns telefonemas de Itamar para a família do detento, um dos irmãos passou a visitá-lo na prisão. Foi o suficiente para que o preso voltasse a sorrir, tornando-se também operário exemplar.

Por Bernardo Carneiro

Crédito fotos: Omar Freire / Imprensa MG