Foi uma tarefa difícil selecionar os 25 presos do Presídio de Machado que começaram nesta semana as aulas do curso de Eletricista Predial, oferecido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IFSM), campus Machado. Tanto pelo interesse, quanto pelo número de detentos considerados aptos por uma equipe multidisciplinar do presídio. Serão 160 horas/aula de curso, distribuídas durante dois meses, com aulas teóricas e práticas, de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h.
O diretor-geral do Presídio de Machado, Clarivaldo Francisco Pereira, explica que a seleção dos presos para o estudo ou trabalho é criteriosa, e conta com a avaliação de servidores das áreas psicossocial, saúde, jurídica e segurança. "Eles estavam sob grande expectativa. Em quatro dias de aulas, já temos bons retornos dos alunos e do professor. O comportamento em sala de aula e o interesse pelo conteúdo do curso são surpreendentes", relata entusiasmado o diretor.
Mickael Arruda, 22 anos, é um dos presos matriculados no curso de Eletricista Predial, e traz a experiência profissional na área de manutenção de uma empresa fabricante de sacas de café e “big bags” — grande embalagem para transportar materiais sólidos ou pastosos, principalmente nas indústrias agrícola, química e de extração mineral. Ele cuidava da manutenção elétrica e mecânica das máquinas da fábrica. "Vou aprimorar meus conhecimentos. É uma grande oportunidade de mudança real de vida, para quando tivermos liberdade. Esse curso significa empregabilidade, basta acreditar e querer", afirma convicto Mickael.
Futuro
"Vejo no curso uma forma de buscar qualificação profissional, conseguir um emprego e ter condições financeiras de estudar. Gosto da área de elétrica, mas quero mesmo é cursar a faculdade de Direito", revela Edson Victor, de 26 anos, que sempre busca ser um espelho, o bom exemplo para os colegas de cela e do curso.
A direção da unidade prisional está em tratativas com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, com o objetivo de oferecer outras qualificações profissionais para os presos.
Texto: Bernardo Carneiro
Fotos: Divulgação Sejusp