Com a ajuda da guia turística, Norma Maria das Dores, os jovens descobrem funções, profissões, equipamentos e, principalmente, obras e formas de arte que eles nem sabiam que existia. “Parece que estou em outro mundo”, comentou T. S.S, de 15 anos. A última parte da excursão acontece amanhã (22.01), a partir das 14 horas, com a participação de mais 12 adolescentes.
 

Durante a passagem pelo Grande Teatro ontem (21.01), eles acompanharam os preparativos da equipe técnica do espetáculo de dança “Geraldas e Avencas”, da Companhia de Dança 1o. Ato, que estreia neste domingo abrindo a temporada da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, na casa. O jovem B. C. O, de 17 anos, ficou impressionado com a quantidade de pessoas trabalhando para uma mesma empreitada cultural e comentou: “deve ser uma companhia muito respeitada. Um lugar onde eu gostaria de trabalhar”. J.B.L, de 16 anos, surpreendeu-se quando a guia turística falou sobre a a existência de elevador subterrâneo de palco, capaz de descer até 13 metros de profundidade, muito utilizado em espetáculos que mesclam dança e música clássica. “A orquestra fica no fosso para não atrapalhar a visão que o público terá das bailarinas”, explicou Norma.

Em seguida, ela mostrou o sistema de prevenção contra fogo do Palácio das Artes, incrementado e aprimorado após o incêndio ocorrido em 1997 que destruiu, completamente, o Grande Teatro. “Naquela época, tínhamos bons equipamentos, mas os funcionários não eram tão bem treinados para utilizá-los como hoje”, disse. Curiosos com o assunto, os jovens também quiseram saber como funcionam os sprinters (chuveirinhos anti-incêndio), as cortinas corta-fogo, extintores e onde ficam as saídas de emergência. “Muito chique! Quando eu terminar a faculdade que pretendo fazer, gostaria que a cerimônia de colação de grau fosse aqui”, segredou outro jovem, de 18 anos.

Para o agente socioeducativo e professor de teatro da unidade, Júlio César da Silva, a visita ao Grande Teatro beneficia e muito os jovens que já desenvolvem atividades cênicas e até mesmo os que optaram por outras oficinas. Ele reconhece que ensinar o ofício da interpretação não é fácil e chegou a temer os desafio no início, mas surpreendeu-se com o envolvimento dos jovens. O desempenho do grupo de Justinópolis tem sido tão bom que eles até foram convidados, no ano passado, para participar de um festival organizado pela Fundação Casa de São Paulo. “Apresentamos o espetáculo “Gasparzinho, não Mate e não Morra”, com grande aceitação do público. Júlio César contou que, durante as aulas, procura sensibilizar o adolescente, fazendo-o vislumbrar ou conceber um novo plano de vida, que não inclua a criminalidade. O próximo passo do Grupo de Teatro é trabalhar a vertente cômica dos jovens, preparando um espetáculo bastante interativo com o público e que deve estrear em março.

O diretor de segurança, Frederico de Castro, adorou a exposição que abriga as galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa, intitulada “Cem Mona Lisas com Monalisa ”. “Muito divertida”, comentou. Ele também concorda com Júlio César que atividades de lazer, cultura e esporte, têm ajudado muito no processo de responsabilização do adolescente, perante o ato infracional cometido. Segundo ele, a filosofia da Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase) da Secretaria de Estado de Defesa Social, que administra os centros socioeducativos, é ampliar a visão que esses jovens têm do mundo e conscientizá-los das boas oportunidades que estão por aí. “O esforço também é válido no sentido de que o adolescente tenha acesso a espaços culturais nobres da cidade, de lazer e de esporte, sentindo-se cidadão, com todos os direitos e deveres que essa condição implica”, disse. 

 

A Unidade Socioeduacativa de Justinópolis é um centro onde todos os adolescentes acautelados participam de projetos culturais, esportivos, e de inclusão social. As atividades têm o objetivo de ensinar aos jovens noções de trabalho coletivo, disciplina e força de vontade de melhorar a sua autoestima. Eles também frequentam aulas regulares do Ensino Fundamental e Ensino Médio.