A primeira parceria absorveu a mão de obra de um detento, que receberá o equivalente a um três quartos do salário mínimo. A segunda contratou 30 presos, podendo chegar a 55, com remuneração de um salário (R$ 510,00), mais cartão de alimentação no valor de R$ 63,00. A terceira contratou quatro, também recebendo três quartos de salário.
Cássio Soares falou aos presentes sobre a importância de se valorizar todos os envolvidos no processo. “Estou aqui para enaltecer essas pessoas que querem melhorar por meio do trabalho, dando o máximo de si mesmas para isso. Também os parceiros, que muito têm feito no âmbito social. E os diretores e funcionários do Presídio de Passos, que têm plantado tão bons frutos”, destacou.
Segundo o diretor de Trabalho e Produção da Seds, Helil Bruzadelli, também presente ao evento, as ações fazem parte do projeto “Trabalhando a Cidadania”: “Por meio dele, conseguimos utilizar a mão de obra de presos como uma ferramenta poderosa de ressocialização. O trabalho possibilita a profissionalização e é uma ponte para um futuro vivido com dignidade”. O diretor-geral do Presídio de Passos, Leandro Francisco Pereira, reforçou: “O trabalho é capaz de resgatar as noções de ética e moral dos presos e a postura deles perante a sociedade, uma vez que se sentem valorizados e tratados como pessoas de bem”.
A diretora de Atendimento e Ressocialização da unidade, Nágila Medeiros Couto Cecílio, reforçou que a ressocialização se inicia a partir de um conjunto de atendimentos prestados aos recuperandos, que vão desde as áreas de saúde, psicossocial e jurídica até o trabalho. “Os nossos parceiros são de extrema relevância, pois dignificam o recuperando, à medida que o mesmo se sente útil diante da sociedade e de seus familiares”, pontuou.
Oportunidades
A detenta Cláudia Cristina Mezêncio, 41 anos, que cumpre pena no regime semiaberto, é uma das selecionadas para trabalhar na empresa Da Granja. Ela, que já trabalhou dentro da unidade com artesanato e no clube da Polícia Civil com faxina, agora vai atuar na área de eviscerados, ou seja, na retirada e separação de miúdos de frangos. “Para mim, foi a melhor coisa que podia ter me acontecido. Podemos conversar com as pessoas, fazer amizades, sem desrespeito. E ninguém pode imaginar o tamanho da minha satisfação em mandar dinheiro e ajudar os meus filhos, mesmo estando presa. Isso não tem preço”, testemunhou.
Luiz da Silva Martins, 22 anos, do regime fechado, foi contratado para trabalhar na obra particular de Lindomar Rodrigues. Ele enumerou as experiências que teve depois de preso: “Já trabalhei com bloquetes, revitalização de praças, atividades dentro do presídio. Onde tem serviço eu participo, porque tenho um comportamento exemplar. Consigo, assim, mostrar à sociedade que, apesar dos meus erros, sou um homem trabalhador”.
A detenta Paula Fabíola de Carvalho, 22 anos, trabalha na empresa Joaquim Ourives, fazendo joias e foleados, além de atender o público. Ela tem orgulho da atual atividade: “Meu patrão me apresenta a todos que passam por lá. Tem empresário que, por causa do meu exemplo, quer contratar presos, contou.
O parceiro Lindomar Alves Rodrigues explicou os motivos que o fizeram utilizar mão de obra de presos: “Sabemos que dentro do presídio existem trabalhadores qualificados e ávidos por uma oportunidade. É a nossa chance de aproveitá-la e auxiliar no processo de ressocialização. Temos que ajudar quem quer mudar e fazer com que a sociedade reveja seus conceitos”, disse.
A coordenadora do Recursos Humanos da empresa Da Granja, Janete Albuquerque Costa, revelou que a ideia de contratar presos veio por acaso. “A empresa cresceu e passamos a precisar de mais mão de obra. Então pensamos em dar uma oportunidade a pessoas que têm dívida com a justiça, mas que podem ser trabalhadoras e profissionais como todos os nossos demais funcionários”, explicou. Ela enfatizou que todos são tratados como iguais e que contam com total aceitação dos colegas e superiores: “Os presos fazem as refeições com todos os outros, assistem palestras, tomam bronca. Isso causa um efeito tão positivo que eles passam a se sentir efetivamente dentro da sociedade, e não somente dentro da empresa”.
Mais oportunidades
O Presídio de Passos ainda proporciona muitas outras atividades, que abrangem as mais diversas áreas: serviços de servente com o parceiro Rovilson Donizete Maximiano, trabalho na biblioteca, faxina do pavilhão masculino e das instalações internas, lavanderia, artesanato para confecção de tapetes, chaveiros, potes, chapéus e bijouterias, jardinagem e manutenção de espaços da Polícia Civil, horticultura e jardinagem.
Os detentos participantes são dos regimes fechado e semiaberto e trabalham mediante autorização judicial. Todos são beneficiados com a remissão de pena, ou seja, a cada três dias trabalhados, menos um no cumprimento da pena.
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