Antes de começarem os trabalhos as presas passaram por uma capacitação, em dezembro do ano passado, durante a qual aprenderam a produzir as peças. Apesar da experiência ter começado com 20 detentas, há interesse, tanto da unidade prisional quanto da empresa, em expandir a parceria. “A ideia é atender 100% da população carcerária. Para isso, há possibilidade de implementar equipes de trabalho divididas em turnos. Mas começamos com 20, para ver como vai funcionar”, disse o diretor geral da unidade, Rafael Barbosa Ribeiro.
A seleção das presas que participam do projeto leva em consideração o comportamento dentro da unidade prisional e está vinculada ao estudo, já que aquelas que estão matriculadas na escola da unidade tem prioridade na ocupação das vagas. Pelo trabalho elas recebem remição de pena – a cada três dias trabalhados, um a menos no cumprimento da sentença – e pelo menos ¾ do salário mínimo, podendo ser mais que isso, dependendo da produção.
Vida nova
Além da possibilidade de redução da pena, o trabalho dentro da unidade prisional dá às presas possibilidades concretas de mudança de vida quando estiverem livres. De acordo com o gestor financeiro e administrativo da Musso Artesanatos, Jones Sawoki, é interessante para a empresa aproveitar a mão-de-obra das egressas, uma vez que elas já terão domínio do trabalho. “Falta mão de obra qualificada aqui na nossa cidade. Quanto mais tempo tivermos de parceria, mais qualificadas elas ficarão. É mais que acertado utilizar a mão de obra dessas pessoas do lado de fora do presídio”, afirmou. Ele conta, inclusive, que está em contato com uma ex-detenta que foi solta depois de participar da capacitação, para que ela continue produzindo para a empresa.
Os benefícios do trabalho não se restringem às próprias presas, chegando, também, aos parceiros e às unidades prisionais. “As vantagens são para todo mundo. Para o parceiro, é rentabilidade; para unidade, o aumento da disciplina; e para as presas é a experiência profissional”, lista o diretor geral do presídio.
No Presídio de Caxambu há, além dessa nova parceria, um convênio com a Prefeitura Municipal, por meio do qual cinco detentas do regime semiaberto fazem limpeza no Parque das Águas, importante ponto turístico da cidade. Há, ainda, aquelas que participam do curso de artesanato de retalho ministrado pela Sociedade Beneficente Nhá Chica, no qual são produzidas colchas e bolsas com fuxico.