Um galpão de trabalho de 40 metros quadrados foi inaugurado, na manhã desta quarta-feira (16.04) no Presídio de Santa Rita do Sapucaí, no Sul do estado. O município, conhecido como "Vale da Eletrônica", em referência à grande quantidade de fábricas desse ramo ali instaladas, passa a produzir componentes também na unidade prisional, graças a uma parceria com a empresa Intelbrás. Na nova instalação, já trabalham 13 detentos que montam diariamente cerca de seis mil sensores de portões eletrônicos. O trabalho, totalmente manual, é realizado durante oito horas por dia, de segunda à sexta-feira.

A Intelbrás treinou os detentos com a meta inicial de produzir 93 mil sensores por mês. Mas a parceria superou as expectativas. Já no mês de março, os treze sentenciados conseguiram produzir 98 mil peças, um recorde de produção desde o início da parceria entre a empresa e o presídio. Mantido o desempenho diário atual dos detentos, a marca pode se aproximar de 120 mil sensores mensais.

 

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Edson Alexandre Rodrigues, de 38 anos, está preso há três no Presídio de Santa Rita do Sapucaí. Desde o início do cumprimento da pena ele procurou oportunidades de trabalho dentro da unidade. "Esta é quinta empresa para a qual trabalho aqui dentro. Trabalhar ocupa a mente e ainda ajuda a ir embora mais rápido", diz. No caso de Edson, os dias trabalhados irão reduzir em cinco meses a pena. "Era para eu sair em janeiro do ano que vem, mas com a remição eu conseguirei a liberdade em setembro de 2015", comemora o detento.

No início da parceria, um gerente de produção da Intelbrás ficou uma semana no presídio treinando os detentos. Agora, o técnico da empresa aparece apenas uma vez por semana para verificar o andamento da linha de produção.

A montagem dos sensores é minuciosa, feita por etapas. Um detento separa as placas eletrônicas, outro faz o teste de funcionamento dos sensores, uma equipe coloca as placas dentro das capas plásticas e, por fim, três presos finalizam o processo produtivo etiquetando e embalando o produto final.

Na cerimônia de inauguração, Edno dos Santos, gerente Industrial da Intebrás, destacou a satisfação da empresa em inaugurar pela primeira vez um galpão de trabalho dentro de um presídio de Minas Gerais. Edno observou que a empresa já desenvolvia experiências semelhantes em Santa Catarina e no Amazonas.

"Dar oportunidade de trabalho aos sentenciados vai ao encontro dos valores da Intelbrás. Recebi uma missão do presidente da empresa, que é a de produzir aqui no Presídio de Santa Rita do Sapucaí produtos com a mesma qualidade das demais unidades de fabricação. Estamos atendendo a esse pedido", disse Edno.

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O superintendente de Atendimento ao Preso da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Helil Bruzadelli, destacou a importância de parcerias como a da Intelbrás. "A nossa missão é custodiar os indivíduos, mas, sobretudo, acreditar na transformação deles. É comum ouvirmos que os presos precisam mesmo é trabalhar. Porém, encontrar parceiros que apostem nisso é a nossa dificuldade", relatou o superintendente.

Novo edifício

O Presídio de Santa Rita de Sapucaí também inaugurou nesta quarta-feira um edifício de 200 m2, que abriga sala de aula com ar condicionado e televisão, biblioteca, sala da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e três salas para serviços administrativos. Parceiros locais fizeram doações e as obras empregaram detentos da unidade.

Para o diretor geral da unidade, Gilson Rafael Silva, a inauguração do edifício representa a "criação de meios eficazes para o desenvolvimento do sentenciado". A nova sala de aula, que atende a 26 detentos, e a biblioteca serão um estímulo para o preso, possibilitando a sua reinserção social por meio dos estudos.

Números
No presídio de Santa Rita do Sapucaí 46 presos trabalham, sendo 23 externamente em padarias, asilos, hospitais, numa horta comunitária, em escolas, fazendas de café e na prefeitura. Outros 23 trabalham internamente. Treze deles na Intelbrás, dois deles na D'leon, e oito estão engajados no projeto "Pedalando para a Liberdade".
As empresas parceiras pagam aos sentenciados cerca de R$580 reais por mês. O salário é repassado à Seds pela empresa parceira e a secretaria é responsável por depositar a quantia em uma conta bancária aberta para o preso. Segundo o superintendente Bruzadelli, o detento recebe um cartão que lhe dá o direito de sacar o dinheiro quando ganha a liberdade.

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