Na semana da Mulher, detentas do Complexo Penitenciário Estevão Pinto, em Belo Horizonte, saíram da prisão para comemorar a data com uma visita à exposição “Formas do Moderno na Casa Fiat de Cultura – Coleção da Fundação Edson Queiroz”. A atividade da terça-feira, 08.03, buscou levar um pouco de leveza e cultura para as presas e acabou sendo uma agradável surpresa para todas.

Essa foi a primeira vez que todas as sete detentas presentes estiveram em uma exposição de arte. Os olhos brilhavam diante das obras e os ouvidos ficaram atentos às explicações da educadora que as acompanhou durante toda a visita, explicando cada peça. Participativas, as presas faziam perguntas e compartilhavam experiências das aulas de arte dentro do presídio.

“Foi maravilhoso para cada uma de nós essa nova experiência. O pouco de contato que tivemos na escola já ajudou muito na nossa forma de olhar tudo aqui. Pra mim, o que ficou, foi a vontade de que meus filhos também possam ter essa oportunidade que eu só tive agora”, ressaltou Angélica Aparecida Guedes de 37 anos, presa há dois anos e quatro meses e mãe de cinco filhos.

Para muitas, o simples fato de sair da unidade prisional já é algo que representa muito no dia a dia. “Ganhar a liberdade, mesmo que por algumas horas, é uma experiência que ninguém, aqui do lado de fora, consegue entender o que significa. Durante esse tempo que eu estive aqui, não me senti como presa”, contou emocionada Maria Cristina Faria de Andrade.

Como destaca a superintendente de Atendimento ao Preso, Louise Bernardes Passos Leite, as atividades externas são sempre muito importantes no processo de devolver o convívio social para as detentas, uma vez que a vivência fora das grades aguça nelas a vontade de sair e ter uma vida fora do crime. “O incentivo às práticas culturais é um dos caminhos importantes para que estas mulheres possam vislumbrar novos horizontes para suas vidas”, acrescentou Louise.

Novos horizontes e oportunidades

As presas que foram até a Casa Fiat participam do programa “Novos Horizonte, Novas Oportunidades. A ação é uma parceria do Instituto Minas Pela Paz, Fundação AVSI e Centro de Educação para o Trabalho Ceduc Virgílio Resi, com o apoio da Secretaria de Defesa Social (Seds), por meio do Programa de Inclusão Social do Egresso do Sistema Prisional (Presp).

Pelo programa, mulheres em cumprimento de pena no regime semiaberto participam de processo de ressocialização no meio prisional, com foco na inclusão social e geração de renda após o cumprimento da pena, com atividades de formação humana e profissional.

“Um dia essas mulheres irão voltar para a nossa sociedade. Acredito que esses lampejos de conhecimento, cultura e arte são fundamentais para que elas mudem seus comportamentos no futuro. A visita de hoje é um grande avanço. Elas, que tem a liberdade cerceada, virem para um lugar onde o pensamento é livre, é muito significativo”, avaliou o gestor do Instituto Minas Pela Paz, Maurílio Pedrosa.


Modernidade em evidência

 


A exposição “Formas do Moderno na Casa Fiat de Cultura – Coleção da Fundação Edson Queiroz” apresenta, pela primeira vez em Belo Horizonte, uma das mais significativas coleções de arte brasileira, reunindo cerca de 60 obras de importantes artistas do Modernismo no Brasil. Com curadoria de Valéria Piccoli, a mostra proporciona um passeio pela história da arte moderna brasileira ao apresentar grandes nomes como Lasar Segall, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Guignard, Bruno Giorgi, Cícero Dias, Flavio de Carvalho, Alfredo Volpi, Helio Oiticica, José Pancetti, entre outros.

Por Poliane Brandão

Crédito fotos: Marcelo Santana/Imprensa MG

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