A equipe do Presídio Inspetor José Martinho Drumond, de Ribeirão das Neves, foi consagrada nessa sexta-feira, 30.09, como a campeã da segunda edição do Festival da Canção Prisional (Festipri) – Etapa Territórios Metropolitano e Oeste, realizado pela Secretaria de Estado de Administração Prisional. A competição aconteceu entre representantes de 13 unidades prisionais, que interpretaram músicas inéditas e de própria autoria. Sete jurados avaliaram os detentos nos quesitos letra, música, originalidade e interpretação.
A música Modernidade, composta e interpretada pelo preso Edson Francisco Bispo, foi eleita a melhor canção pelos jurados. Na categoria melhor intérprete, venceu o detento Rafael Santos, do Presídio São Joaquim de Bicas I, com a canção Deserto. A competição aconteceu no auditório JK, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.
O secretário de Estado de Administração Prisional, Francisco Kupidlowski, que participou pela primeira vez do evento, disse que foi uma grata surpresa estar presente no festival. “É um momento que coroa um dos meus objetivos nessa secretaria, que é o da humanização. Vejo essa ação exatamente como uma manifestação de cidadania dessas pessoas privadas de liberdade. É uma demonstração linda, já que a música é uma das mais bonitas manifestações da alma”.
O prêmio entregue leva o nome do coordenador executivo do Programa Novos Rumos, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador José Antônio Braga, homenageado dessa edição. Ele esteve presente no evento e elogiou a iniciativa. Para o desembargador, o projeto mostra a capacidade dos sentenciados em dar a volta por cima. “Nós vemos aqui pessoas resgatadas, se libertando, e a música provando que é uma das maneiras de se alcançar isso. E esta é a nossa alegria e satisfação”.
José Henrique Martins, idealizador do projeto, destacou que o festival alcança seu objetivo, que é o resgate da autoestima do detento e a valorização pessoal por meio da música. “O Festipri contribui para o processo de reinserção na sociedade e a busca por novas perspectivas de vida.”
Apresentações
Todos os estilos musicais tiveram espaço no festival: gospel, moda de viola, samba, funk e pop rock embalaram as composições dos competidores. Uma apresentação em especial surpreendeu a plateia, o preso Mateus Lucas, representante do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Contagem, recebeu o alvará de soltura a caminho da Cidade Administrativa e mesmo assim fez questão de se apresentar.
Além das apresentações dos detentos, o festival também contou com outros shows. O agente penitenciário do Presídio de São Joaquim de Bicas II, Geovane Nunes, a cantora de Belo Horizonte, Rayane Boldrini, e mais duas detentas do Presídio de Varginha se apresentaram. O Coral Cidade em Canto, formado por servidores da Cidade Administrativa, também mostrou um pouco do seu trabalho.
Vencedores
Cinco melhores colocados receberam o troféu Festipri, respectivamente: Presídio Floramar com a música Declaração ao Criador, Complexo Penitenciário Nelson Hungria, com a música Saudade Dói Esperando Te Encontrar, Presídio São Joaquim de Bicas I, com a música Deserto, Presídio Antônio Dutra Ladeira, com a música Recomeçar e o Presídio Inspetor José Martinho Drummond, com a música Modernidade.
Jurados
O júri do Festipri Etapa Territórios Metropolitano e Oeste foi composto pelo presidente da Comissão de Assuntos Carcerários da OAB – Minas Gerais, Fábio Piló; pelo advogado, Ricardo Tavares; pela presidente da Associação Mineira de Educação Continuada (Asmec), Andrea Ferreira; pelo maestro do Coral da Universidade Fumec, João Tarcísio Cardoso de Souza; pelo professor e coordenador pedagógico, Marcelo Guimarães Belga; pelo maestro do Coral da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Guilherme Bragança e pelo maestro do Coral Cantos e Contas do Tribunal de Contas de Minas Gerais e da Cidade Administrativa, Cleude William.
Por Fernanda de Paula
Fotos: Marcelo Sant'Anna / Imprensa MG