Um lote de 8.759 camisas femininas do uniforme das detentas, que cumprem pena ou aguardam julgamento em unidades da Secretaria de Estado de Administração Prisional (SEAP), foi enviado do Presídio de Pouso Alegre, no Território Sul, para o Almoxarifado Central, em Belo Horizonte.

 

A remessa aconteceu no último dia 09.11 e é fruto do trabalho de oito mulheres privadas de liberdade, que dentro de um galpão com 150 m², instalado na unidade prisional, produzem cerca de 1.450 camisetas por mês.

A superintendente de atendimento ao preso, Louise Bernardes Passos Leite, ressalta a importância destas mulheres preservarem a feminilidade e resgatarem a autoestima, mesmo com a privação de liberdade. “Antes da criação dos uniformes femininos, elas usavam as mesmas blusas, calças e bermudas dos homens”, lembra a superintendente. Os novos uniformes foram lançados oficialmente este ano, no Dia Internacional da Mulher.

Todas as etapas da produção são realizadas pelas detentas, iniciada com o corte de malha PV — composta de poliéster e viscose — que chega ao galpão de produção em bobinas de 20 quilos.

O diretor-geral do presídio, Sérgio Morais, destaca que o Estado passou a fazer uma grande economia. “A folha de pagamento tem um peso muito grande na definição de preços de um produto. Com a produção dentro da unidade, este custo é mínimo”, ressalta o diretor.

As detentas têm direito a remição de pena, ou seja, para cada três dias de trabalho, um a menos na condenação. Recebem R$2,00 por peça produzida, o que representa por mês aproximadamente R$500,00.

Mão de obra

O galpão é equipado com seis diferentes máquinas de costura e uma cortadeira de tecidos. Neste espaço trabalham oito detentas, em um local separado dois presos cuidam da silkagem das camisetas, nas quais aplicam a sigla do sistema prisional.

Produção e formação de mão de obra especializada caminham juntas na fábrica de camisetas. A diretora de atendimento e ressocialização do presídio, Dayana Botelho, explica que desde a inauguração do local, sempre houve a preocupação em selecionar detentas com e sem experiência em costura.

“Nossa intenção é prepará-las profissionalmente para quando tiverem liberdade. Existe entre elas uma grande solidariedade, todas dominam o processo completo de fabricação”, revela a diretora.

A detenta Mônica Barbosa dos Santos, 31 anos é uma das instrutoras e “funcionária” da fábrica. Aprendeu a costurar com a avó e a mãe, produziu forro para bancos de automóveis e confeccionou roupa unissex para vender em São Paulo. “Estas experiências me ajudaram bastante. Tenho o maior prazer em ensinar, além de costurar, atuo como professora e gerente de qualidade.”

Thaís Machado Mingareli, 23 anos, teve aulas com a Mônica e tem esperança de conseguir emprego em uma confecção, quando deixar a unidade prisional. “Nunca me imaginei costurando e agora isto representa um novo caminho na minha vida.”


Por: Bernardo Carneiro

Crédito foto: Juliano Domingues Rezende

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