O Presídio Floramar, localizado em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, atendeu por meio das visitas a distância todas as famílias que possuem autorização e cadastro para visitação presencial. Desta vez, os relatos emocionantes de saudade foram ditos por meio de chamadas de vídeo. Ao todo, 290 visitas virtuais foram agendadas pelos profissionais da área de Atendimento. Como resultado, todos os custodiados do presídio que recebiam as visitas familiares presenciais antes da pandemia puderam se encontrar virtualmente com seus filhos, esposas, maridos, pais e mães. A unidade é a primeira do Estado a atender todos os familiares com cadastros ativos e válidos.
A suspensão das visitas em todas as unidades prisionais de Minas Gerais foi uma das ações da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) para prevenir e controlar a disseminação da covid-19 no ambiente prisional. A solução encontrada para reduzir o impacto da ausência de visitas presenciais, tão importantes para o processo de ressocialização dos cerca de 60 mil custodiados que estão nas 194 unidades prisionais do Estado, foi colocar em prática a visita familiar virtual. O projeto “A esperança vem de casa” já alcançou a marca de duas mil visitas a distância realizadas em 64 presídios e penitenciárias de Minas. A intenção é que todas as unidades possam oferecer em breve esta alternativa ao familiar.
A duração de cada visita na Floramar é de vinte minutos. Tempo suficiente para a emoção tomar conta de todos. Com Victor Neto, de 32 anos, não foi diferente. Ele conversou com a mãe, a esposa e seus dois filhos. “Eu estava com muita saudade da minha família. A emoção foi muito grande e, neste momento difícil que todos estamos passando, a presença de quem a gente ama faz muita falta. Eu que tenho família lá fora, queria ter notícias deles, dos meus filhos. Graças a Deus estão todos bem”, relatou, emocionado.
Eduardo Meirelles Costa tem 33 anos e teve a oportunidade de ver a mãe. Ele conta que a videoconferência foi uma excelente experiência que possibilitou colocar a conversa em dia e saber como estão os seus familiares. “Espero que o projeto possa continuar para que a gente possa ver a nossa família mais vezes. Foi muito bom mesmo ver a minha mãe e saber que ela está bem”, disse.
Os servidores das mais diversas áreas não mediram esforços para que todos os cadastros válidos fossem atendidos. Segundo a diretora de Atendimento da Floramar, Caroline Queiroz de Souza, o resultado deste trabalho somente foi possível porque a unidade prisional contou com o engajamento de servidores de todos os setores: segurança, administrativo e todas as demais áreas técnicas. “Foram dezenas de ligações efetuadas, muitas vezes para a mesma família, a fim de poder explicar o passo-a-passo com riqueza de detalhes para o familiar conseguir acessar o aplicativo da chamada. São pessoas, na sua maioria, muito simples, e a nossa equipe se empenhou para explicar todas as dúvidas cuidadosamente e fazer o encontro virtual acontecer”, contou Caroline.
Engano de quem imagina que o procedimento é simples. Não basta levar o preso do pavilhão até a sala da administração. Antes disso, é preciso entrar em contato com a família, realizar as instruções, enviar uma cartilha de procedimentos e agendar a visita. Caroline conta que, muitas vezes, a família não atendia as ligações da unidade e a orientação sempre foi para que a equipe insistisse, a fim de que ninguém ficasse de fora.
O presídio já tem um histórico de sucesso no uso da tecnologia para aproximar internos de seus familiares. Em 2019, implementou as visitas virtuais, com apoio do Poder Judiciário, para custodiados de outras comarcas que não recebiam familiares devido a distância das suas residências. A direção-geral, que tem à frente Elisabete Pinheiro Fernandes, é reconhecida por fomentar as práticas de ressocialização, aliadas à segurança necessária à custódia.
“A esperança vem de casa”
O projeto “A esperança vem de casa” foi elaborado pela Diretoria de Assistência à Família, do Departamento Penitenciário de Minas Gerais, pertencente à Sejusp. O objetivo é permitir que os vínculos familiares sejam mantidos durante este período de pandemia, já que, em virtude da necessidade do distanciamento social e por questões de saúde, as visitas presenciais foram suspensas em todas as 194 unidades prisionais do Estado.
O Governo de Minas fez um investimento da ordem de R$ 2,5 milhões para a compra e instalação de computadores e demais equipamentos para que presídios e penitenciárias pudessem realizar tanto audiências judiciais por videoconferência, quanto visitas familiares a distância. O mesmo equipamento distribuído para realizar as audiências de custódia está sendo utilizado para aproximar aqueles que estão privados de liberdade dos seus familiares.
Além das visitas virtuais, os familiares podem ter contato com seus parentes das seguintes formas: por meio de cartas (ação prevista para todas as unidades e com média de 35 mil recebimentos por semana) ou também ligações telefônicas (cujo número é diferente em cada unidade e deve ser fornecido pelo presídio ou penitenciária; a média semanal é de 15 mil ligações realizadas).
Texto: Flávia Santana
Fotos: Divulgação Sejusp