O controle de qualidade é feito pela instrutora de produção da malharia, Rosângela Aparecida de Paula. “A separação é a etapa mais delicada porque exige muita atenção. Um pé de meia perfeito não pode ser embalado com um defeituoso, por menor que seja”, explica. Trinta e cinco detentos finalizam a produção de aproximadamente 60 mil pares por mês, graças à uma parceria entre a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e a Malharia Rikan. dsc00651.jpg

Tudo começou há dois anos e atingiu os níveis adequados de qualidade gradativamente. Nesse período, foram qualificados profissionalmente cerca de 100 presos. Hoje, 25 homens e 10 mulheres são responsáveis pelo acabamento das peças e a diferença de gênero tem suas influências sobre algumas etapas da produção. “As mulheres são mais perfeccionistas, por isso se destacam na separação dos pares, que é a fase mais delicada”, avalia.

Habilidades à parte, os detentos também têm as suas preferências. “Faço de tudo,: separo, embalo, mas gosto mesmo é de passar”, afirma Cristiano Aluízio de Oliveira, 32 anos. Há quatro meses no ofício, ele que era lanterneiro, se diz satisfeito com a oportunidade de aprender uma nova profissão. “Ocupa o tempo e a gente ainda tem a possibilidade de ser contratado pela fábrica quando sair”, ressaltou. O montador de móveis, Anderson Gonçalves Miranda, 30 anos, já tinha experiência no ramo. “Sou montador, mas trabalhei em uma confecção. Fazia a manutenção das máquinas, trocava agulhas, embalava produtos”, conta.

Do montante separado e embalado, cerca de 3 mil pares são de “refugo”, material  considerado de 2ª ou 3ª linha, vendido diretamente na fábrica por um preço abaixo do praticado no mercado. A remuneração pelas quatro horas diárias de trabalho, de 2ª a 6ª feira, é feita por dúzia; R$ 0,40 cada uma.

Dos 445 presos da penitenciária, 210 exercem alguma atividade dentro ou fora da unidade prisional. “Para os do regime fechado temos opções intramuros, os do semi-aberto, podem sair e cumprir a jornada fora”, explica a diretora - geral da unidade,   Ândrea Valéria Andries. Além da minifábrica responsável pelo acabamento das meias da Rikan, a penitenciária também conta com uma padaria que fornece 4 mil pães diariamente, para consumo interno, distribuição às outras quatro unidades prisionais existentes na cidade e para a montadora Mercedes Benz DaimlerChrysler do Brasil. 

dsc00654.jpgOs talentos manuais dos detentos também incluem a produção de bonés de croché e tapeçaria. Com criatividade, os detentos transformam os retalhos vindos da fábrica de meias, em belos tapetes, usando os sacos de farinha dispensados pela padaria e agulhas. “Os retalhos são costurados diretamente nos sacos, sem a necessidade de linhas e o resultado é surpreendente”, afirma a gerente de trabalho e produção da penitenciária Bruna Correa. Os tapetes são vendidos para funcionários da unidade e visitantes com preços que variam de R$ 15 a R$ 35  dependendo do tamanho.

“A Lei (de execuções penais) determina que o preso tenha uma atividade. Cabe ao Estado fornecer oportunidades e de preferência que os parceiros sejam da iniciativa privada porque assim o detento tem a chance de continuar trabalhando, de ser um funcionário efetivo quando terminar de cumprir sua pena”, ressaltou o juiz da Vara de Execuções Criminais de juiz de Fora, Amaury de Lima e Souza. 

Outras parcerias estão em andamento. Recentemente, 30 detentos passaram por um treinamento para produção de bolas de futsal em um projeto do Ministério dos Esportes. Nesta etapa de aprendizagem, 20 bolas foram produzidas e distribuídas em instituições de caridade do município, em um trabalho remunerado por produção sendo R$ 3,00 cada uma. “Estamos aguardando mais material para uma segunda etapa onde pretendemos aumentar a produção e qualificar outros presos”, diz a gerente de trabalho. Extramuros, 10 presos estão encarregados de auxiliar os pedreiros da obra de reforma do 2º Batalhão de Polícia Militar da cidade, outros 10 trabalham para o Departamento municipal de limpeza urbana de Juiz de Fora (Demlurb) com serviços de coleta de lixo seletiva. E ainda há aqueles que fazem pequenos serviços de manutenção dentro da Penitenciária: pintura, encanamento, limpeza e alvenaria. Pelo trabalho, não há remuneração, mas à exemplo dos demais presos que exercem algum tipo de atividade profissional, eles recebem o benefício da remissão de pena, para cada dia trabalhado, menos um de detenção. 

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