O objetivo do seminário foi promover a mobilização da comunidade, instigando-a a cultivar um sentimento de integração local e de conscientização social para a questão da segurança. Para tanto, foram largamente discutidos os princípios da Polícia Comunitária, que envolve a atuação conjunta da comunidade e das instituições em busca do fortalecimento da segurança e da redução dos espaços de atuação do crime.
O representante da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), capitão PM Cristiano Guedes, do Distrito Federal, abriu o seminário falando da importância de se capacitar agentes comunitários e do envolvimento destes com a polícia. Segundo ele, a comunicação constante promove a qualidade das relações, amplia a percepção dos envolvidos e possibilita diminuir áreas de conflito que exigem ações repressivas. “Temos que trabalhar, conjuntamente, a concepção da prevenção, com enfoque nas demandas primárias. Costumamos dar muita ênfase à repressão qualificada e nos esquecemos que o lado preventivo deve ser potencializado”, falou.
Em seguida, o capitão da Polícia Militar Alexandre Magno de Oliveira, do Estado Maior de Minas Gerais, falou aos presentes sobre o método “Iara” (Identificar, Analisar, Responder e Avaliar), que tem como proposta a solução de problemas para prevenir a ocorrência de crimes ou delitos. “Existem dois tipos de táticas: as tradicionais, que são as atividades básicas de policiamento, e as não tradicionais, que são ligadas, necessariamente, às ações comunitárias. Esse método permite a criação de soluções diferentes para resolver questões rotineiras e frequentes”, destacou.
Outro foco do encontro envolveu a Mediação de Conflitos, um processo participativo e flexível, em que qualquer pessoa pode ser treinada para ser mediadora. A coordenadora do programa de mesmo nome da Seds, Ariane Gontijo, explicou tratar-se de um procedimento viável para que os atores e lideranças comunitárias possam promover, no dia a dia de seus trabalhos, a multiplicação e disseminação da mediação. “A mediação visa, sobretudo, a cultura de paz”, pontuou.
Dentro da mesma temática, o coordenador do 1º Departamento de Polícia Civil de Belo Horizonte e gerente do projeto Mediar, delegado Anderson Alcântara, ressaltou o papel das instituições policiais no processo. “A cultura de mediação abre as portas para a democratização de nossas unidades policiais e, ao mesmo tempo, nos aproxima das comunidades através da filosofia do policiamento comunitário”.
A empreendedora pública e coordenadora estadual de Polícia Comunitária, Sílvia Listgarten, apresentou as contribuições da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg) para a temática discutida no seminário, ressaltando as seis diretrizes produzidas, que tratam da participação comunitária na constituição das políticas públicas de segurança e defesa social. “Uma das diretrizes traduz a importância de se desenvolver e estimular uma cultura de prevenção na segurança, através da implementação e institucionalização de programas de policiamento comunitário”.
Outro ponto apresentado pela coordenadora foi a interface entre a temática de polícia comunitária e segurança cidadã e ainda a realização de capacitações voltadas para os operadores do Sistema de Defesa Social e as lideranças comunitárias; enquanto estratégia adotada pela Seds no âmbito do projeto estruturador.
O titular da Superintendência de Avaliação e Qualidade da Atuação do Sistema de Defesa Social (Sasd), José Francisco da Silva, que participou do encerramento da solenidade, ressaltou que a parceria ente a Senasp-MJ e a Seds é de muita importância, na medida em que ela possibilita a realização de uma prática de mobilização e participação comunitária na área de segurança pública. “Até algum tempo atrás, o assunto era visto apenas como coisa de polícia e não do povo. Fico muito satisfeito em ver um auditório repleto, com tantos policiais e lideranças envolvidos”, finalizou.
Crédito Foto: Sandro Proença - Senasp