Pinturas, esculturas, peças em metais, cerâmicas, caixas. A suavidade das cores, texturas que traduzem liberdade, mãos firmes que moldam a cerâmica. Militares da ativa, da reserva e seus familiares, que encontraram na arte uma forma de se expressar estão expondo suas criações no espaço cultural do Terminal Rodoviário, em Belo Horizonte. "Temos muitos talentos na Corporação. Catalogados, são cerca de 50 artistas, em várias expressões. São profissionais que se dedicam à arte sem comprometimento do trabalho de segurança pública", disse o Coronel Paulo Márcio Diniz, Diretor de Educação Escolar e Assistência Social - DEEAS, que coordena a 12ª exposição. A Mostra de artes Plásticas faz parte das festividades de comemoração dos 234 anos da PMMG. 

O conjunto de obras atraiu a atenção da agente de passagens, Elaine Aguiar Santos, 31 anos, que saiu do guichê para visitar a exposição. "Não resisto. Há cinco anos trabalho aqui e sempre acompanho esta mostra. Acho tudo muito bonito", afirmou.

Para o agente de viagens, Marcone Cruz Silva, 24 anos, que também trabalha no Terminal Rodoviário, o que ele viu e ouviu foi surpresa. "Nunca imaginei que existissem artistas na Polícia Militar. Eu conheço a banda e imaginava que eles tocassem somente músicas de cerimônias militares. Não imaginava que tocassem músicas da MPB", disse o agente de viagens, referindo-se aos músicos da Academia Musical Orquestra Show - Amos.

Juventino Pereira de Oliveira, 84 anos, natural de Itabira, perdeu o ônibus para Uberlândia, mas não se importou quando recebeu a notícia de que teria que esperar as 14h para embarcar no próximo ônibus. "Tenho o que fazer até esse horário. Vou ouvir música e ver as obras".

PARCERIA

Uma polícia atuante, parceira e interessada em preservar e proteger. Assim, a Chefe de Gabinete da Regional Centro-Sul, Ângela Maria Ferreira, definiu a Polícia Militar. "Hoje, não podemos trabalhar sem conceber uma parceria com a PM, em todos os níveis. Seja em um evento cultural, como esse, esportivo ou em uma fiscalização, precisamos trabalhar em conjunto. E é assim que estamos atuando. Considero a PM de Minas Gerais a melhor do Brasil, um exemplo que merece ser seguido, e digo isso como cidadã. Os componentes da Polícia Militar são sensíveis, perceptivos e têm senso de beleza aguçado. Basta conferir esta mostra", disse Ângela Maria.

SEGURANÇA

A mostra ficará aberta ao público até dia 17 de junho. Para garantir a segurança dos visitantes e a preservação das peças, um PM estará no local, cuidando do policiamento, das 8 às 18h. À noite, o suporte à segurança será feito por um Guarda Municipal. "Sempre damos apoio à PM neste evento. Há três edições que acompanho a exposição. O trabalho dos militares é realmente muito bom", disse o Inspetor Nedson Moreira, 30 anos, coordenador do Posto Avançado da Guarda Municipal no Terminal Rodoviário.

AO VIVO

O Cb PM Rosemir Hermenegídio, da 13ª Cia MAT, em Conselheiro Lafaiete, atraiu os olhares de quem acompanhou a abertura da Mostra. Todos queriam registrar os detalhes da produção de uma peça em cerâmica saramenha, feita ao vivo. Conhecida também como louça mineira, vidrada, bárbara e grosseira, a cerâmica saramenha chama a atenção pelo aspecto vidrado, conseguido por meio de um verniz especial feito com pigmentos metálicos (chumbo, ferro, cobre e manganês) que a peça recebe antes de ir ao forno, pela segunda vez.

Em Ouro Branco, os segredos da cerâmica saramenha estavam concentrados no Mestre Bitinho que, antes de falecer, em 1998, ensinou a técnica ao Cabo Rosemir Hermenegildo.

Dentre outros tantos talentos que estão expondo na Mostra, está o Cabo Leontino Bernardo dos Passos Filho, do 16º BPM, 26 anos de PM, que já participou de mais de 40 exposições pelo País. Leon Passos, seu nome artístico, assina nesta exposição mandalas feitas com papel machê. O seu sobrinho, Júlio César Luz de Roma, apresenta Paisagem I e II - óleo sobre tela. "Tenho como projeto, pintar vários quadros e leiloar. O dinheiro pretendo repassar a Apae, de Itabira, e à Escola Estadual João Moreira Sales. Ambas trabalham com crianças e jovens especiais.

O Cabo Emerson Alves Nunes, do BPE, também está expondo brinquedos pedagógicos feitos em madeira. Os quebra-cabeça ativam a coordenação psicomotora de jovens e adultos, mas crianças a partir de cinco anos já podem brincar de montar as peças, garante o artista.

EXPOSITORES