Transitar por espaços culturais fora do aglomerado e promover a
interação entre jovens, equipe técnica e oficineiros. Essa é a proposta
desenvolvida pelo Núcleo de Prevenção à Criminalidade (NPC) Serra ao
levar esses atores para prestigiar a 36ª Campanha de Popularização do
Teatro e da Dança de Belo Horizonte durante os meses de janeiro e
fevereiro de 2010.
A ideia partiu de Heberte Silva Almeida, oficineiro de violão, que fez
a sugestão pensando em atender ao pedido dos jovens por passeios e
visitas a locais diferentes no período das férias escolares. Heberte
apresentou a demanda para a equipe do Núcleo, que entrou em contato com
os produtores dos espetáculos, por meio do Sindicato dos Produtores de
Artes Cênicas de Minas Gerais (Sinparc), e consegui 289 cortesias.
Desse total, 234 foram distribuídas entre os jovens do NPC Serra das
oficinas de axé, dança de rua, capoeira, violão, manicure, artesanato
de bambu, futebol, kung fu, futsal feminino, mídia e grafite. Técnicos
sociais e oficineiros também receberam cortesias. Além disso, 20
entradas foram repassadas para o NPC Jardim Teresópolis, em Betim. A
escolha das peças foi feita priorizando as comédias e aquelas que
poderiam produzir algum tipo de reflexão após apresentação. Foram
escolhidas: "São Francisco de Assis à Foz", do Grupo Olho Nu; "Amigas,
amigas. Homens à parte", da Metáfora Produção; "Ritmo quente", da
Companhia Arte Show; "Os Infiéis", da produtora Casca de Nós; e "Isto
não é Gotham City", da Companhia Primeiro Ato.
Para vários jovens e oficineiros, foi a primeira oportunidade e ir a
uma casa de espetáculos. Eles ficaram encantados com a estrutura e
registraram toda a emoção em muitas fotos. A equipe do programa conta
que os jovens se mostraram muito felizes com a oportunidade. “Em
algumas peças eles sentiram-se reconhecidos, pois ao serem
identificados como do Programa Fica Vivo!, a entrada foi imediatamente
liberada e o ator ou produtor agradeceu aos jovens por prestigiarem a
apresentação”, relata a técnica social Shirley Ribeiro.
Também participante do passeio, a oficineira e instrutora de futsal
feminino Rúbia Mozer, conta que a possibilidade de ir ao teatro gerou
empolgação nas jovens da oficina, principalmente pelo fato de que a
maioria delas nunca tinha assistido a um espetáculo teatral. “Foi uma
experiência bem legal, principalmente porque teve gente que nunca tinha
ido ao teatro. É interessante ver música, dança e teatro junto”, conta
a estudante Fernanda Aguilar, que assistiu à peça “Ritmo Quente” em
companhia dos demais jovens participantes da oficina de violão.
Para Hebert, os jovens precisam acessar espaços culturais da cidade e
conhecer diferentes formas de expressões artísticas. Os espetáculos
foram apresentados em lugares como Teatro Alterosa, Santo Agostinho e
Palácio das Artes, esse último considerado por muitos como um espaço
elitizado, caro e de difícil acesso. Segundo o oficineiro, essas
experiências também propiciam a circulação dos jovens na cidade, algo
que, no caso de alguns, não acontece com freqüência. “Experiências como
essas contribuem para a formação e aprendizagem dos jovens”, acredita
Hebert.
A equipe do NPC também destaca a importância de os jovens participarem
de um evento que já faz parte da agenda cultural de Belo Horizonte.
Mesmo o preço dos ingressos sendo considerados populares – R$ 10,00 –,
vários jovens não possuem recursos para comprar. “Por nunca terem
assistido, não sabiam o quanto pode ser interessante uma peça teatral.
Foi exatamente por esse motivo a escolha de peças mais leves e que
também permitissem uma integração dos jovens”, avalia Shirley.
Rúbia afirma que o passeio foi proveitoso não só para os jovens, mas
para os técnicos e oficineiros que também tiveram a oportunidade de
prestigiar a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. “Senti que
nos aproximamos mais e criamos mais intimidade, tanto com os jovens no
geral como entre a equipe”, completa a oficineira.