Pela primeira vez, em 86 anos de história do Hospital Psiquiátrico e Judiciário Jorge Vaz, de Barbacena, pacientes concluíram os primeiros anos do Ensino Fundamental. Oito homens e sete mulheres foram os personagens principais da cerimônia de formatura, realizada na última sexta-feira, 20.11, com direito a entrega de certificados pela direção da Escola Estadual Henrique Diniz, instalada no hospital judiciário da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).
Os pacientes cursaram os módulos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), destinada a pessoas que não terminaram os estudos na idade regular. A escola do Jorge Vaz existe desde 2012 e atualmente reúne 60 alunos frequentes.
Tânia Maria da Rocha Castro, diretora de Ensino e Profissionalização da Superintendência de Atendimento ao Preso (Sape) da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) participou com muito entusiasmo da formatura. “Esta é a primeira formatura do EJA dentro de um manicômio judiciário no Brasil. Nosso trabalho não faria sentido se não acreditássemos na capacidade de mudança do ser humano por meio da educação”, afirmou.
Emocionada, a professora Marcelina Maria Moreira Lourenço exaltou a experiência de alfabetizar os pacientes do Jorge Vaz. “Os agradecimentos que já recebi por terem aprendido a ler e escrever ficarão marcados para sempre. É uma grande alegria.”
O entusiasmo dos formandos vai além da cerimônia. Isso pôde ser facilmente percebido nas manifestações dos pacientes Roberto Andraus, Sonia Costa Ribeiro e Maria Célia Alves de Almeida. Para os três, tudo na escola foi ‘muito bom’: as matérias, os professores, as atividades culturais. Eles garantem que darão continuidade aos estudos para concluir pelo menos o último estágio do ensino fundamental. Na solenidade, quem representou a turma foi o paciente Ercy Francisco da Costa, que recebeu simbolicamente um diploma em nome de todos os colegas.
A escola do Hospital Psiquiátrico e Judiciário Jorge Vaz ganhou uma sede própria em março deste ano. Ela foi construída por pacientes que fizeram um curso de pedreiro do programa Pronatec, do governo federal. Antes, eles estudavam num cômodo adaptado. A obra dotou o hospital de uma escola de verdade, com duas salas de aula com computador e estantes, espaço de convivência e secretaria.
Por Bernardo Carneiro
Crédito fotos: Marcelo Sant'Anna / Imprensa MG