Cerca de 40 jovens moradores do Conjunto Esperança, da Vila Cemig e do Alto das Antenas, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte, aprendem e praticam o grafite atualmente. São todos alunos das oficinas locais do programa Fica Vivo!, da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Em 2015, com as bênçãos da população, essa rapaziada entrou de cabeça no projeto “Outros Olhos”, uma ampla intervenção artística em muros, portões e paredes de seus próprios territórios.
A boa acolhida tem tudo a ver com as oportunidades de protagonismo abertas aos moradores pelo programa da Coordenadoria Especial de Prevenção à Criminalidade (Cpec) da Seds. Hoje oficineiro e referência artística para os iniciantes, Leonardo Dionizio foi aluno de uma das primeiras turmas de grafite do Fica Vivo! no Conjunto Esperança. Ele ensina a técnica a 25 jovens da comunidade e é um exemplo de como os programas da Cpec são construídos junto com a população dos territórios atendidos.
“Nem acreditei quando recebi a proposta. Devo muito a esse trabalho, que me proporcionou novos convívios e ampliou minha mente para outras ideias”, conta Leonardo, conhecido nas ruas como Diphe, a assinatura, ou ‘tag’, no jargão do grafite, que acompanha suas obras.
Outros jovens da comunidade, como Matheus Wilian, de 20 anos, já seguem os passos do mestre, e esperam, como ele, um futuro ancorado no talento para a arte gráfica. Antes da oficina do Fica Vivo!, Matheus era, como o professor Leonardo, um menino que gostava de desenhar, despretensiosamente, nos cantos das folhas dos cadernos escolares.
Comunidade aprova
A moradora Aparecida Silveira, 50 anos, teve o muro grafitado por esses jovens. Ela e o marido, Valdionor Silveira, 61 anos, ficaram satisfeitos com o resultado. Aparecida inclusive pediu que Leonardo estendesse a arte para os arredores de seu portão - área que ainda não foi utilizada.
“É muito legal terminar um trabalho e ver que o dono da casa gostou. Quando fazemos uma intervenção, recebemos três pedidos de vizinhos ao redor, é até difícil de atender”, diz Leonardo.
Os grafites feitos no projeto “Outros Olhos” foram registrados pela equipe do Fica Vivo! em ensaios fotográficos e viraram cartões-postais. Foi o caso do muro de dona Aparecida. “Distribuímos os cartões para a população, porque esperamos que ela se reconheça como parte do projeto”, explica a técnica social do Programa Fica Vivo! , Andreia Ramos.
Ao todo, 280 adolescentes participam das oficinas promovidas pelo Fica Vivo! do CPC Conjunto Esperança. Além do grafite, há aulas de artes marciais, tranças e penteados afros, futebol, estética e beleza, corte e cabelo, dança e rap.
Programa Fica Vivo!
O objetivo do programa Fica Vivo! é prevenir a ocorrência de homicídios dolosos em áreas com altos índices de criminalidade violenta em Minas Gerais, melhorando a qualidade de vida da população. É executado nos Centros de Prevenção à Criminalidade (CPCs), instalados nas comunidades atendidas.
Por Dayana Silva
Fotos: Omar Freire - Imprensa/MG