No começo do ano, estava abandonado o único viveiro público para cultivo de árvores de Ribeirão das Neves, no Território Metropolitano. Em três meses, dez presos do Presídio Antônio Dutra Ladeira recuperaram o local. As mudas voltaram a vicejar nas estufas e canteiros do Viveiro Municipal Geralda Meira Olímpio, que ganhou também um orquidário. Já são 20 mil unidades de ipê amarelo, jacarandá, pau-ferro, goiabeira, amoreira e pata de vaca que podem ser retiradas gratuitamente pelos moradores da cidade.

O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Ribeirão das Neves, Sidnei Moraes Martins, diz que o viveiro foi criado em 2004 e estava bastante descuidado, precisando de reformas urgentes. “O trabalho dos presos foi imprescindível para a recuperação. Eles foram dedicados, de muita iniciativa, executaram tarefas exaustivas”, destaca o secretário.

Martins conta que todo o material para a reabilitação do viveiro foi adquirido com dinheiro de compensação ambiental e multas aplicadas a empresas e pessoas por infrações como o corte ilegal de árvores no município.

Quatro presos que trabalharam nas obras permanecem, agora engajados no cultivo das mudas e das orquídeas. O local tem 1.400 m² e dispõe de duas estufas para as orquídeas e para a germinação das sementes de árvores. Os presos também reformaram o escritório da Prefeitura no local e o galpão para guarda de ferramentas e utensílios diversos. Toda a área do viveiro foi cercada com um alambrado, e na estrada de acesso foram instaladas placas de sinalização para orientar os visitantes.

O diretor-geral do Presídio Antônio Dutra Ladeira, Luís Fernando de Sousa, chama atenção para o significado especial das atividades realizadas pelos dez detentos de sua unidade. “É uma obra que tem como missão ajudar no equilíbrio ambiental, replantar árvores e embelezar praças e jardins. Isto reflete diretamente nos presos, em uma vontade sincera de mudança de vida”, observou Luís Fernando.

O viveiro passou a ser usado também em educação ambiental, com excursões de alunos de escolas públicas da cidade. Essas visitas encheram de alegria e orgulho o preso Antônio Rodrigues de Meira, de 35 anos de idade. “Tudo que é feito com amor e dedicação traz bons resultados e nos deixa contentes. Este foi meu sentimento, quando vi os alunos em contato com as plantas e passeando por aqui com os professores.”

José Antônio se valeu da experiência acumulada em lavouras de café, mas também fez serviços de pedreiro e de marceneiro. Pela dedicação, teve o nome inscrito na placa de reinauguração do viveiro como representante dos trabalhadores da obra.

Por Bernardo Carneiro

Fotos: Gil Leonardi / Imprensa MG

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