Uma parceria entre a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e a empresária do ramo de confecção Kátia Faíko vai abrir nas próximas semanas a primeira frente de trabalho profissional dentro do Presídio de Caratinga, no Território Vale do Aço. Seis presos já estão sendo treinados pela empresa para produzir cuecas, inicialmente. A empresária adquiriu duas máquinas de costura que se somaram a nove equipamentos da Seds para assegurar o primeiro estágio da produção.
Além da qualificação profissional e de remição de pena, com desconto de um dia a cada três trabalhados, os presos contratados por meio do convênio de parceria receberão mensalmente três quartos do salário mínimo, como prevê a Lei de Execuções Penais.
A empresa de Kátia Faíko atua há 15 anos na região de Caratinga com foco, principalmente, no ramo de uniformes, que tende a ser o produto da linha de produção no presídio. Segundo a empresária, as cuecas foram uma forma de começar a experiência com uma peça de confecção mais simples.
Se depender de Kátia, a frente de trabalho também será ampliada, com a abertura de mais vagas para presos. “A parceria já deu certo! Estou surpresa com a dedicação deles. Se qualificados, poderão encontrar uma oportunidade de emprego quando conquistarem a liberdade”, diz a empresária.
Apoio da sociedade
A inauguração da linha de confecção no Presídio de Caratinga é uma obra da sociedade local. O galpão onde os presos vão trabalhar, por exemplo, foi erguido com trabalho dos próprios detentos e graças a doações de materiais feitas por pessoas, instituições e empresas. Até mesmo a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) doou os tijolos, produzidos na fábrica de artefatos de cimento que funciona no Centro de Reintegração Social (CRS), vizinho do presídio.
O juiz de Execuções Penais da Comarca de Caratinga, Consuelo Silveira Neto, que foi o intermediário entre a empresária Kátia Faíko e a Seds, diz que as doações mostram que, apesar das dificuldades, muitas pessoas acreditam na ressocialização dos condenados pela qualificação profissional e pelo trabalho. Ele se mostra otimista com a primeiras vagas e adianta que está buscando um parceiro para instalar, ainda em 2016, uma segunda linha de produção dentro do estabelecimento prisional.
A diretora-geral do Presídio de Caratinga, Maria Alice Gomes, observa que a abertura de novas frentes de trabalho, principalmente das que oferecem salário, tem um efeito positivo também na segurança interna, uma vez que os presos são estimulados a ter bom comportamento, pois, caso contrário, terão acesso negado às vagas. Segundo ela, atualmente há aproximadamente 150 detentos trabalhando, dentro e fora da unidade, mas apenas três são remunerados.
Um bom exemplo do que representa a oportunidade de ocupar um posto de trabalho com qualificação profissional é o preso Jonathan Henrique, de 25 anos de idade. Até recentemente, ele trabalhava na faxina dos pavilhões do presídio. Foi um dos seis detentos selecionados para trabalhar na confecção. Ele se mostra animadíssimo com a oportunidade. “Estou me dedicando para aprender tudo que o orientador explica e já consegui produzir algumas peças.”
Por Dayana Silva
Fotos: Divulgação Ascom/Seds