“É um mundo novo que se abre”. Foi com essas palavras de esperança que Tereza Moraes Siqueira emocionou a todos como oradora na formatura do curso Cozinha Inteligente. Ela e mais duas detentas que cumprem pena no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte, receberam nessa terça-feira, 20.12, o diploma de conclusão do curso de culinária das mãos da primeira-dama do Estado, Carolina Oliveira Pimentel. A capacitação é ofertada pelo Serviço Voluntário de Serviço Social (Servas), em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e Serviço Social do Comércio (Sesc).
A subsecretária de Humanização do Atendimento, Emília Castilho, esteve presente na solenidade, e celebrou a parceria entre a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) e o Servas. “Eles são um dos nossos grandes parceiros que contribuem muito para atingirmos nossa meta de humanizar o sistema. A ideia do curso é fantástica, consegue associar à culinária e seu aspecto agregador familiar e social, a questão ambiental, da gestão dos resíduos. Parabenizo-as pela conquista e torço para que tenham um futuro promissor”.
O curso é direcionado para pessoas em situação de vulnerabilidade social, e aborda a profissionalização da culinária com experiência em aproveitamento integral de alimentos e reciclagem de resíduos de uma cozinha industrial. As três presas que estão no regime semiaberto foram selecionadas pela própria unidade prisional. As aulas tiveram início em 26 de agosto e aconteciam na cozinha experimental do Centro Mineiro de Resíduos Recicláveis (CMRR) no bairro Esplanada, na capital, de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h.
Para Tereza, a cozinha sempre foi uma paixão, mas depois do curso esse sentimento só aumentou. “Essa foi a maior oportunidade da minha vida, porque nada do que eu aprendi se compara ao que eu conhecia. Mudou toda a minha opinião sobre cozinha, para melhor. Estou levando uma bagagem maravilhosa, outro olhar para o mundo, foi lindo demais”.
A capacitação foi dividida em quatro módulos: Gestão de Resíduos e Meio Ambiente (20 horas/aula), Técnicas de Auxiliar de Cozinha e Gastronomia (220 horas/aula), Aproveitamento Integral de Alimentos (12 horas/aula) e Empreendedorismo e Transição de Carreira (20 horas/aula).
Magna Alves, uma das presas participantes, veio do Sul de Minas e lá trabalhou como doceira. Segundo ela, o curso trouxe novas perspectivas de vida, como aprender a preparar pratos salgados e a montar e cuidar do próprio negócio. Mas de tudo que aprendeu, o que mais lhe surpreendeu foram as aulas de aproveitamento de alimentos. “Descobri muitas receitas com partes dos alimentos que jogamos fora, como a melancia, por exemplo, com aquela parte branca podemos fazer um caldo salgado maravilhoso e com a casca verde um doce de compota”.
Por Fernanda de Paula
Crédito fotos: Manoel Marques/Imprensa MG