“Agora, eu acredito em mim mesma. Sei que posso ter uma vida melhor quando sair daqui. Estou transformada.” Foi dessa forma que Luana Gomes de Araújo, 29 anos, explicou a importância do curso “A Viagem do Prisioneiro”. A cerimônia de formatura, no Complexo Penitenciário Pio Canedo, em Pará de Minas, foi nessa quarta, dia 08. Ela e outras nove mulheres privadas de liberdade receberam o diploma e uma Bíblia. Estiveram presentes familiares, servidores da unidade prisional, representantes da Secretaria de Estado de Administração Prisional (SEAP) e imprensa local.

As aulas aconteceram entre dezembro de 2016 e janeiro deste ano, totalizando 16 horas de estudos voltados para o desenvolvimento da espiritualidade. O cristianismo foi apresentado por meio do Evangelho de São Marcos, sem a intenção de converter as presas a uma religião específica.

O curso é uma iniciativa da Prision Fellowship International (FEU), órgão consultivo da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil é realizado pela Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC).

A subsecretária de Humanização do Atendimento, Emília Castilho, explica que o projeto representa uma das vertentes no processo de ressocialização. “A privação de liberdade já é um momento para reflexões. E o curso abre mais espaço para o resgate de valores éticos e morais”, enfatiza a subsecretária.

Depoimento

Mírian de Souza Reis Soares e Deuraci Soares foram os professores voluntários do curso “A Viagem do Prisioneiro”. Ambos ficaram impressionados com o interesse das detentas e as transformações pelas quais elas passaram. “Inicialmente, elas não participavam muito. Pareciam angustiadas. Aos poucos, foram se sentindo em paz e livres”, destacou Mírian. Já Deuraci fez um discurso emocionado e revelou uma felicidade enorme com o resultado atingido pelas formandas.

O curso já foi aplicado com êxito em mais de 80 países, como Nigéria, África do Sul e Nova Zelândia. Recentemente, o Brasil e outros três países latino-americanos foram selecionados para implantar o projeto-piloto.

Em Minas Gerais, o curso esteve em seis unidades prisionais e, no momento, acontece em sete unidades.


Texto e fotos: Bernardo Carneiro

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