Logo na entrada da feira os participantes passavam por um túnel do tempo que mostrava a evolução humana e suas tecnologias. Havia exemplares de máquina de escrever, telefone, lampião, vitrola, rádio, televisão, computador e videogame, em ordem cronológica de invenção. Do lado de dentro havia estandes de bioquímica, física e matemática, português e literatura. Para a diretora geral da unidade, Alessandra Silva, atividades como a feira são essenciais para que os adolescentes resgatem a importância da escola em suas vidas. “Por meio de projetos envolvendo arte e cultura conseguimos envolvê-los e enlaça-los com o verdadeiro sentido da escola”, disse. De acordo com a diretora, o envolvimento na Multifeira reflete positivamente no desempenho nas disciplinas.
Todos os 72 adolescentes que estão cumprindo medida de internação e internação provisória no

Centro Socioeducativo de Justinópolis estão matriculados na escola da unidade. A superintendente regional de Ensino, Maria Lúcia Martins, alerta que, para os adolescentes autores de atos infracionais, em especial, frequentar aulas é fundamental para o resgate da esperança e da autoestima. “A escola recupera não só a aprendizagem, mas os valores”, diz. A diretora de Formação Educacional e Profissional da Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase), Ana Carolina Ribeiro, reforça a importância de haver integração entre a escola e a própria unidade. “Eventos como esse são momentos de fortalecer a integração e comemorar junto”, disse.
Apresentações
Essa não é a primeira feria realizada pela escola da unidade. No ano passado houve uma voltada especificamente para a literatura. Neste ano, todas as áreas desenvolveram trabalhos. Além dos stands, onde havia desde poesias até hortas verticais e montagem de figuras espaciais com canudinhos, houve apresentações de teatro, música e da fanfarra da unidade.

Adolescentes que integram o grupo de teatro Guerreiros da Vinci, que existe há quase quatro anos e hoje conta com 11 integrantes, foram alguns dos que se apresentaram na Multifeira. Eles ensaiam duas vezes por semana, sob orientação do agente socioeducativo Júlio César da Siva, conhecido como “Tio da Vinci”. Um dos participantes, de 17 anos, conta que nunca tinha feito teatro, mas que entrou para o grupo assim que chegou à unidade socioeducativa, há nove meses, e adora eventos como a Feira. “É demais, todo mundo gosta!”, disse.
Se depender do diretor geral da escola, não será preciso esperar até o ano que vem para haver outros eventos desse tipo. “Já estamos nos preparando para a Festa Junina e para o 4º Encontro Cultural das unidades de centros socioeducativos e escolas prisionais”, adiantou.