As prisões, no entanto, não foram divulgadas para não prejudicar o desdobramento das investigações, que culminaram no último dia 15 com a prisão de João Ferreira Lima, o João de Goiânia, também conhecido como o homem da .50.

Denominada Vandec – nome do policial militar morto pela quadrilha no roubo ocorrido na cidade de São Gotardo, em 2007 – a operação, em sua primeira fase (fevereiro de 2007) resultou na prisão de sete suspeitos de participarem de assaltos a bancos nas cidades de São Gotardo, Tiros, Brasilândia de Minas e São Sebastião do Maranhão. Em novembro do ano passado, horas depois de os criminosos levarem R$ 1,25 milhões, em dinheiro, de um carro forte, em Varginha, outros cinco suspeitos foram identificados e presos por participar da ação.

A parceria entre a Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais, envolvendo cerca de 20 policiais, entre delegados, promotores, agentes e escrivães, favoreceu o trabalho da polícia investigativa-judiciária. Valendo-se das informações do Serviço de Inteligência da Polícia Civil, agentes e delegados se deslocaram por diversas unidades da Federação no monitoramento dos integrantes do bando.

Considerados de alta periculosidade, esses criminosos eram os mais procurados no Brasil. João de Goiânia e Gilmar Vilarindo de Moura, o “Alemão” assumiram serem os proprietários e operadores das armas de grosso calibre, como a metralhadora .50, usada em várias ações do grupo criminoso. João estava foragido desde 1987 e Alemão não era preso desde 1998. Ele e o comparsa, Paulo César Miguêz foram presos por policiais do Deoesp e GCOC/PC/MP em Tocantins, quando se deslocavam para a Venezuela. Eles planejavam praticar o assalto de uma tonelada de ouro, avaliada em R$ 50 milhões. Além de João Ferreira Lima, participariam da ação, seis ex-guerrilheiros da FARCS. O roubo ocorreria entre as cidades de São Romão e Margarita, na Venezuela, onde o veículo de transporte do ouro seria interceptado. Uma Hammer e uma esteira rolante seriam usadas para transportar o produto do roubo.

Com os dois criminosos, a polícia apreendeu:
• Um veículo van Crysler blindada
• Uma metralhadora anti-aérea e anti-tanque marca Browing .50 (adquirida no Paraguai por R$ 280 mil, desviada por um coronel do Exército daquele país).
• 170 munições .50
• Celulares
• Giroflex
• Cinco toucas Ninja
• R$ 8 mil

Interrogado pelo representante do Ministério Público e delegados do Deoesp, João Ferreira Lima confessou sua participação, enquanto integrante da quadrilha, em diversos crimes. Confira abaixo:

• Roubo ao carro forte da Brinks, em Uberlândia com a subtração dos malotes. Na ação, os criminosos explodiram o veículo, deixando feridos os vigilantes;
• Roubo ao carro forte da Proforte, em Uberaba. Utilizando a mesma tática, explodiram o carro, matando um vigilante e atingindo outros;
• Roubo ao carro forte da Rodobam em Ipatinga. Dois vigilantes foram mortos e outros ficaram ferido;
• Roubo ao Banco do Brasil de Frutal. Rendidos, policiais militares e civis foram levados como reféns. Os criminosos utilizaram uma viatura policial na fuga. Um policial militar foi baleado na perna. Foram roubados R$ 500 mil;
• Tentativa de roubo a carro fote em Itaúna. O uso de dinamite na explosão do veículo provocou a queima do dinheiro. Os vigilantes ficaram feridos;
• Roubo a banco em Ibiá. A cidade foi sitiada e os criminosos levaram o dinheiro da tesouraria;
• Roubo ao carro forte da Prossegur em Sacramento. O veículo foi fuzilado e os vigilantes ficaram feridos;
• Roubo em São Gotardo. A cidade ficou sitiada. Os criminosos dominaram os policiais na delegacia e no quartel, matando um policial militar na saída da cidade. Dois bancos foram roubados simultaneamente. Os criminosos levaram cerca de R$ 2 milhões, levando como reféns dois delegados, um juiz, oito policiais militares, funcionários do banco e um detetive. Três viaturas da Polícia Militar foram usadas na fuga;
• Assalto ao Banco Real na Avenida Pedro II. Na ação, os criminosos usaram uma metralhadora AK 47 e levaram R$ 300 mil;
• Roubo a carro forte em Vila Velha, no Espírito Santo. Durante a ação criminosa, uma mulher de 72 anos foi vítima de bala perdida;
• Roubo a agência do Unibanco em Criciúma, no Paraná. Dois policiais rodoviários foram mortos durante a ação criminosa.
• Roubo a carro forte em Maringá/Paraná com a utilização da metralhadora .50 acolplada em um veículo tipo Blazer branca;
• Participação em vários crimes de roubo no Nordeste do país, utilizando como tática deixar a cidade sitiada;
• Assassinato do senador Olavo Pires, em Porto Velho/Rondônia. Ouvido na CPI da Pistolagem, João Ferreira Lima, que na época negou o crime, assumiu a autoria, atribuindo o homicídio a dívidas que o parlamentar teria com ele em função do seu envolvimento com a receptação de carros furtados.

Aos outros integrantes da quadrilha, são atribuídos os seguintes crimes:

Gilmar Vilarindo de Moura, o “Alemão” - atribuídos os assaltos mais violentos que ocorreram em São Paulo nos últimos anos, como o da Caixa Econômica Federal de Suzano. Um cidadão foi morto no interior da agência; roubo à base de valores da Prossegur em 2008. Na ação criminosa foram utilizadas armas como AK 47 e AR 15, além de explosivo plástico C4. Foram subtraídos da empresa cerca de R$ 30 milhões. A ação foi filmada pelo circuito interno de TV, instalado na empresa. As imagens registraram os criminosos carregando dezenas de malotes.
“Alemão” é apontado ainda como o operador da metralhadora anti-aérea .50 usada no ataque ao carro forte em Varginha, no final do ano passado. Dois vigilantes ficaram feridos. Os ladrões levaram aproximadamente R$ 1,25 mi. Ele teria participação em diversos roubos em São Paulo e outros estados do Brasil.

José Alves Pereira, o “Velho Paulo” - Considerado um dos assaltantes mais antigos e respeitados no mundo do crime, possuia quatro mandados de prisão em aberto. “Velho Paulo” está envolvido em vários assaltos no Brasil, principalmente no Nordeste, o que originou no meio policial o jargão “Novo Cangaço” – os criminosos sitiam uma pequena cidade, levam os principais bens e, em seguida, fogem por estradas vicinais e de terra, sempre usando armamento pesado e atuando em bando.

Douglas Luciano da Silva Branquinho, o “Menudo” - Apontado como um dos grandes traficantes de São Paulo, atuando no ABC paulista, principalmente em Diadema, responde a vários processos, estando condenado a 19 anos de prisão por seqüestro. Foi preso quando retornava do Mato Grosso, depois de se reunir com 20 comparsas, preparando-se para assaltar a empresa Sebival – Transportes de Valores. O roubo, que poderia render R$ 30 milhões a quadrilha, foi abortado a partir de informações repassadas por policiais do Deoesp/PCMG e GCOC as autoridades daquele estado.

Operação Vandec
Coordenação
Delegado Antônio Carlos Corrêa de Faria – Chefe do DICPl
Procurador André Ubaldino – Chefe do Caocrimo
Gerência Operacional
Delegado Rosembergotto Quaresma, João Otacílio Silva Neto/chefe do Deoesp e promotor Rodrigo Fonte Boa/Caocrimo
Operação de Campo
Delegados Hugo Malhano, titular da 1ª Deroc e Wanderson Gomes da Silva, adido do Caocrimo/Deroc/Deoesp/Depatri
Policiais Operacionais
Inspetor Magela, subinspetor Denilson Ferreira da Silva
Equipe: Rezende, Hott, Wagner, Solano, Jonathas, Yul Brynner e Orlando
Cartório: João Carlos do Nascimento Gonçalves
Caocrimo/ Inspetor Claúdio Tafarel, agentes Elmar Saraiba, Denilson e Eli.

Fonte: Assessoria de Comunicação PCMG