Entrada da Comunidade Terapêutica Bom Pastor em Ouro Branco

A Comunidade Terapêutica Bom Pastor completa dez anos de parceria com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e agora celebra o reconhecimento pelo setor privado. Os bons resultados acabam de assegurar à instituição R$ 62 mil ofertados por meio de seleção de projetos pela siderúrgica Gerdau-Açominas. O dinheiro será investido na expansão, reforma de alguns espaços e também na construção de uma nova sala para a oficina de arte. A comunidade é uma das 30 conveniadas com a secretaria, por meio da Subsecretaria de Políticas sobre Drogas (Supod), o que lhe garante apoio financeiro do Governo de Minas.

Na divisa entre os municípios de Ouro Branco e Conselheiro Lafaiete, a pequena fazenda tornou-se cenário para pessoas em busca de mudança. Instalada há quase 16 anos no local, a comunidade oferece aos residentes tratamento para a dependência química, por meio de internação gratuita que dura cerca de seis meses.

Residente alimenta aves da comunidade

Um dos residentes, que está na comunidade há três meses, confirma o poder de mudança estimulado pelo tratamento. “Eu cheguei muito fechado, ficava sozinho pelos cantos, até que teve uma reunião sobre sentimentos, quando eu comecei a falar, eu chorei e me assustei com isso, porque antes eu não chorava por motivo nenhum, mas quando eu falei da minha mãe eu não consegui segurar. Ai eu comecei a descobrir como eu posso me abrir e mudar minha vida”.

CAP 9930

Desde a fundação, A Bom Pastor já atendeu 2.380 pessoas, sendo 1.041 na modalidade abrigamento temporário. A comunidade tem capacidade para abrigar simultaneamente 30 internos. Trabalho, lazer, exercícios físicos, assistência psicológica e espiritual são a base do tratamento.

De acordo com a terapeuta ocupacional da comunidade, Rubya Quintela, o principal foco do programa implantado por eles é a mudança de comportamento. “Esperamos que o residente entenda que pra ele ter uma vida diferente, ele vai precisar mudar alguns hábitos, tirar os que são prejudiciais para que ele consiga adquirir novas atitudes e habilidades sociais”.

Produção caseira

A qualidade da comida é uma das principais preocupações da instituição. Boa parte dos alimentos são produzidos na própria fazenda, como a carne, ovos, frutas, verduras, legumes e até os pães. Uma nutricionista trabalha a instituição três vezes por semana para dar orientações sobre o preparo e o cardápio.Residentes cuidam de uma das hortas da comunidade

A laborterapia é outro eixo importante. Por meio do trabalho, busca-se a mudança de valores dos internos. Diariamente, das 9h as 11h45, os residentes ficam encarregados de cuidar das instalações da fazenda. O serviço é dividido em escalas semanais, e os internos se revezam como responsáveis por cada um dos setores.

As atividades se dividem entre horta, pomar, padaria, cozinha, lavanderia (somente coisas de uso geral), jardim, almoxarifado, pocilga, galinheiro e também limpeza da casa, galpão, academia, salas de atendimento e reunião. Além de colaborarem no trabalho da instituição, os residentes também podem frequentar uma academia com aparelhos de musculação, usufruir do campo de futebol, fazer artesanatos na Oficina de Arte e ainda por cima recebem aula de Canto e Coral.

Origem

O projeto de instalação da comunidade na região surgiu em 1996 e partiu de um pároco da cidade de Ouro Branco. Ele criou um grupo para buscar soluções para o alcoolismo que aumentava na região. A inauguração da comunidade só ocorreu em 1999, graças à então estatal Açominas, que cedeu o terreno e financiou a construção das primeiras instalações.

Atualmente, 20 funcionários são contratados pela comunidade e tem o apoio de 16 voluntários de várias paróquias de Ouro Branco, que vão diariamente à unidade para promover momentos de espiritualidade.

A entidade se mantém financeiramente graças aos três convênios firmados com instituições públicas, duas estaduais e uma federal, e algumas parcerias com prefeituras da região. O convênio com a Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) foi firmado somente há cinco anos por meio da Subsecretaria de Politicas Sobre Drogas (Supod).

Por Fernanda de Paula

Crédito fotos: Carlos Alberto/Imprensa MG

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