Jovens que cumprem medida socioeducativa na Casa de Semiliberdade de Juiz de Fora, na Zona da Mata, terão a oportunidade de conquistar postos de trabalho na fabricação de produtos têxteis – uma das principais atividades industriais na região. Isso porque a direção da unidade tem qualificado os adolescentes em uma oficina profissionalizante de bordado computadorizado.

Menino e a máquina

Apesar de ser uma atividade antiga, o bordado vem se renovando a cada ano. O trabalho de vai e vem das agulhas, que antigamente era feito manualmente, hoje também é realizado com auxílio tecnológico, principalmente pelas indústrias que apresentam grandes escalas de produção. Na Casa de Semiliberdade de Juiz de Fora, a máquina de bordar computadorizada foi adquirida através de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), responsável pela unidade, e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que possibilitou a compra através da verba de multas pecuniárias.

A diretora da Casa de Semiliberdade, Christina Borges, que também ministra e acompanha os trabalhos, conta que apresentou o projeto, solicitando a verba, para fortalecer a profissionalização dos jovens. “Acreditamos que a capacitação pode mudar o contexto deles. As fábricas e estamparias sempre abrem vagas. Essa experiência permite que eles concorram neste mercado ou, caso tenham interesse, pode auxiliar no desenvolvimento de um negócio próprio”, explica a diretora.

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Por ser um equipamento delicado e extremamente técnico, o treinamento tem ocorrido de segunda a sexta-feira, mas os alunos estão sendo incluídos gradativamente e, à medida que vão entrando, se tornam multiplicadores. Hugo* foi o primeiro a ter contato com a máquina. Quando se sentiu mais seguro no manuseio, teve a oportunidade de compartilhar seus conhecimentos com Pablo*, que também já está dominando o aparelho. Agora, ambos estão ensinando o ofício a Caio*, que futuramente se juntará aos dois para multiplicar o conhecimento com outros colegas. “Estamos tendo a atenção de treinar um por um, porque é um ofício que requer mais entendimento do funcionamento da máquina. Nosso objetivo é alcançar o máximo de jovens”, relata Christina Borges.

Os adolescentes treinam o bordado em toalhas que serão distribuídas nas Casas de Semiliberdade que funcionam em regime de cogestão com o Pólo de Evolução de Medidas Socioeducativas (Pemse) – uma Organização da Sociedade Civil (OSC). As toalhas serão utilizadas pelos jovens que cumprem medida de semiliberdade nestas unidades do Estado.

O primeiro aluno, Hugo*, de 16 anos, revela que pegou gosto pelo ofício e tem vontade de dar continuidade à profissão. Pablo*, também de 16 anos, conta que Hugo* é um ótimo orientador e tem aprendido bastante com a ajuda do colega. Já Caio*, que iniciou nesta semana, espera “apreender a fazer tudo certinho”.

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Expandindo a profissionalização

A verba de aproximadamente R$ 90 mil, angariada com a parceria formalizada no final de 2018 com o Ministério do Trabalho e Emprego, também possibilitou a aquisição, há três meses, de uma máquina de fabricação de chinelos, que faz o corte e a estampa para acabamento, além de uma máquina de estampar camisetas, canecas, bonés e outros materiais promocionais. Essas outras duas oficinas estão sendo planejadas e terão início em breve na unidade. Parte do valor será destinada para o custeio das atividades.

* Os nomes são fictícios para preservar os adolescentes, segundo indicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Texto: Dayana Silva

Fotos: Divulgação Sesp

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