Centenas de alunos de 29 oficinas de graffiti do Programa Fica Vivo! estão mergulhados numa viagem diferente. Originários de 19 territórios dotados de Centros de Prevenção à Criminalidade (CPC’s) da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) na Região Metropolitana de Belo Horizonte e nas cidades de Ipatinga, Montes Claros, Uberlândia e Governador Valadares, esses rapazes e moças de 12 a 24 anos de idade experimentam, alternadamente, os papéis de anfitriões e de visitantes para fazer intervenções artísticas conjuntas em muros e paredes. 

Até o fim deste mês de fevereiro se realizarão 31 viagens de intercâmbio. No último dia 03, por exemplo, 11 adolescentes do Bairro Palmital, da cidade de Santa Luzia, receberam 17 jovens do Bairro Minas Caixa, da Região de Venda Nova, Belo Horizonte. No fim de janeiro, foi o pessoal do Minas Caixa que recebeu a turma do Palmital.

 

A psicóloga Inara Marques Viana, técnica do Programa Vivo! do CPC Palmital, vem acompanhando esses intercâmbios. “Tem sido uma experiência muito rica para todos. Surgem grandes amizades e os conhecimentos se ampliam, tanto na esfera da arte quanto dos espaços urbanos”, ressalta.

Rafael Santos Costa, 19 anos, foi um dos jovens do Palmital que visitou o Minas Caixa. “Fomos muito bem recebidos lá. Enquanto trabalhávamos em um muro, teve música e futebol. Os vizinhos também participaram e até deram sugestões. Hoje é a nossa vez de receber”, disse, enquanto se preparava para receber os convidados de Belo Horizonte. 


Imensidão

A manifestação artística que atualmente é encontrada nos mais diversos centros urbanos de todo o mundo, colorindo muros, becos, prédios e casas, ganhou um lugar de destaque no Palmital, mais especificamente no setor denominado Palmital B. Trata-se de um prédio residencial de quatro andares, que pode ser avistado do Palmital A, que por sua vez é dividido em parte alta e parte baixa, mais conhecidas como tampa e caldeirão.

Na intervenção conjunta dos artistas do Minas Caixa e do Palmital, balões coloridos tomaram conta da parede frontal do prédio. Uma das participantes, Vitória Gabriela Teixeira, de 16 anos, se encarregou de explicar a escolha das figuras, enquanto segurava uma lata de spray vermelha, no alto do segundo andar de um andaime. “Balão é liberdade! Representa a possibilidade de não ter limites para os caminhos da arte e ainda vencer as dificuldades da vida”, filosofou Gabriela.

O oficineiro Seres, há mais de dez anos atua no Fica Vivo!, completa a explicação da aluna. “Buscamos um lugar diferente e todos os moradores autorizaram o uso da parede. O graffiti é a cereja do bolo, o que mais conta é o diálogo, a convivência, sempre em busca do equilíbrio e da harmonia”, enfatizou.

Hiperarte

Dando continuidade ao projeto, o Fica Vivo! vai levar o graffiti produzido dos jovens para além dos muros e das fronteiras dos territórios dos CPC’s. Todas as obras estão sendo fotografadas e serão reproduzidas em postais, em um livro e vão compor também uma exposição.

A aplicação mais esperada pelos jovens, contudo, será nos backbus, como são conhecidas as plotagens na traseira de ônibus. As linhas serão escolhidas pelos artistas.


Por Bernardo Carneiro

Crédito fotos: Carlos Alberto/ Imprensa MG

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