“Estamos com uma meta alta para este ano, mas vamos conseguir capacitar 10 mil pessoas. Acabamos de nivelar 215 servidores de todas as Regiões Integradas de Segurança Pública (Risps), das diversas disciplinas. Eles vão replicar conhecimentos práticos e teóricos para policiais penais e agentes socioeducativos por todo o estado”, explica o chefe da Unidade de Treinamento (Utre), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Marco Matos.

Desde a criação da Utre, em maio de 2021, até o momento, cerca de 11.500 membros das forças de segurança foram capacitados na área operacional. Deste total, aproximadamente 9 mil são policiais penais e agentes socioeducativos da Sejusp; os outros dois mil que passaram pelos cursos são guardas municipais, policiais civis e militares, policiais rodoviários federais e ainda integrantes das forças militares federais: Exército, Marinha e Aeronáutica. A unidade de treinamento trabalha em parceria com a Superintendência Educacional de Segurança Pública (Sesg).

Todos os meses, quando a Sejusp, por meio da Utre, abre vagas para os cursos, chegam pedidos de inscrição de diversas forças de segurança, inclusive de outros estados. “A participação destes servidores da segurança de várias regiões do país tem um papel importante na integração de todos que trabalham pela segurança pública”, ressalta Marco Matos.

Dentre os cursos que serão difundidos em todas as Regiões de Segurança Pública de Minas Gerais, um dos mais importantes será o de Treinamento Prisional Básico (TPB), o qual ocorrerá mensalmente. Nele, os policiais penais vão rever técnicas de defesa pessoal, algemação e imobilização, dentre outras disciplinas essenciais para atuação diária em suas funções. O chefe da Utre destaca a importância desta difusão e reciclagem de conhecimentos: “Vamos atingir aquele policial penal que não tem condições de vir até a capital para treinar, que trabalha e reside nos mais longínquos municípios”.

Além da meta de capacitar 10 mil servidores, que inclui policiais penais e agentes socioeducativos, integrantes de forças coirmãs, de outras unidades da federação e até das Forças Armadas, a Utre vai lançar dois novos cursos: o Curso de Aperfeiçoamento em Armamento e Tiro (CAAT) e o Estágio de Ações de Polícia Penal (EAPP).

Bate-papo

Ascom Sejusp- As mulheres têm vagas especialmente reservadas nos cursos ofertados pela Utre?

Marco Matos- A oferta de vagas independe de sexo. Em todos os nossos cursos temos a presença de mulheres, mostrando também a sua força e interesse na área operacional. Na atividade policial, a gente não consegue diferenciar ações para homens ou para mulheres. Não existe um treinamento específico, pois ambos os sexos precisam estar preparados para todo tipo de ação. Os alunos e alunas concluem os cursos com as mesmas habilidades, capacitações e conhecimentos.

Ascom- A Utre já ficou sabendo de situações em que um ex-aluno utilizou com sucesso os conhecimentos adquiridos nos cursos? Poderia nos contar alguma?

Marco-Sim! Tivemos um caso recente, em que um policial penal utilizou o aprendizado do Curso de Atendimento Pré-Hospitalar de Combate (APH) e conseguiu salvar uma vida. Este policial penal estava em uma estrada, com uma equipe de escolta, e passou por um local onde havia um grave acidente de carro. Ele conseguiu conter a hemorragia de uma vítima, utilizando itens do seu próprio kit de APH, e a pessoa foi levada a tempo para um hospital. Tivemos a informação de que graças a esta intervenção do policial penal o homem sobreviveu. O APH de Combate é diferente do APH Civil, mas os princípios são os mesmos. Ficamos muito orgulhosos com a notícia. Este foi um dos cursos mais procurados e no qual formamos cerca de 6 mil pessoas.

Ascom- É possível notar diferença nos serviços prestados pelos policiais penais e agentes socioeducativos a partir das capacitações iniciadas em 2021?

Marco- Sem dúvida, já percebemos uma prestação de serviços com uma qualidade superior do que víamos há dois anos.

Confira a entrevista completa aqui:

Minicurrículo

Marco Matos é investigador da Polícia Civil de Minas Gerais, tendo ingressado em 1997.

Tem como área de especialização a Delegacia Antissequestro, na qual atuou no resgate de dezenas de reféns, oriundos das extorsões mediante sequestro que eclodiram na década de 90 e início dos anos 2000. Em 2004, iniciou as atividades de instrutor da área tática operacional da Academia de Polícia Civil (Acadepol). A partir de 2010 passou a coordenar a matéria.

Formou-se como o aluno 01 do Curso de Operações Policiais (COP I). Em 2018 coordenou a criação da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (CORE). Participou de inúmeros cursos, dentre eles os de Combatente de Montanha, pós-graduação em APH de Combate, Contraterrorismo, Primeiro Interventor contra-atirador ativo (FBI USA), Escolta de Dignitários e APH de Combate e Entradas Táticas (DEA USA).

Texto: Bernardo Carneiro

Fotos: 1 e 4 Bernardo Carneiro; 2 e 3 Tiago Ciccarini; 5 Arquivo Pessoal - Marcos Matos