As oficinas do Programa Mediação de Conflitos (PMC), do Governo de Minas Gerais, realizado por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), tinham 20 mulheres trabalhando em 2021, mas, agora, contam com 50, atuantes em todos os 32 territórios de abrangência do programa. As atividades são ministradas por mulheres ou pessoas com identificação no gênero feminino, as chamadas oficineiras, que moram nas áreas de abrangência do programa ou que tenham vinculação positiva com a região. A realização é feita por meio do ensino de algum ofício, que facilita a mobilização das participantes e a abordagem de temáticas como direitos humanos e cidadania, segurança pública cidadã, violências, dentre outros temas.
Muitos são os depoimentos das oficineiras e mulheres atendidas, validando a importância do espaço das oficinas em suas vidas. Relatos que perpassam por sentimentos de acolhida, superação e fortalecimento. Rosângela é uma das participantes da oficina “Plantando Afeto”, desenvolvida no território do Alto Vera Cruz, em Belo Horizonte, que vislumbra nas atividades a possibilidade de construção de novas narrativas de vida. “Aqui, eu faço amizades, encontro pessoas maravilhosas, com quem eu compartilho todos os meus sentimentos. Aprendo demais, coisas que eu nem imaginava conhecer eu conheço na oficina. Me sinto mais útil; a oficina melhorou 100% meu emocional”, relata entusiasmada.
Em 2023 foram realizados 14.923 atendimentos, totalizando o equivalente a 30.215 desde 2021. A expectativa para o ano de 2024 é o alcance de mais pessoas no território, fomentando e construindo com o público práticas que favoreçam ações de enfrentamento e prevenção às violências. É uma aposta na continuidade do fazer em construção com os moradores, que são os verdadeiros protagonistas nas articulações para o fomento de uma cultura de paz social. Para a expansão das oficinas, o PMC conta com o apoio e a parceria da OS Instituto Elo, responsável pela coexecução da Política de Prevenção, via Contrato de Gestão. Durante este ano, o programa receberá recursos provenientes de Emenda Parlamentar da Comissão de Participação Popular da ALMG para um total de 20 oficinas.
A superintendente de Políticas de Prevenção à Criminalidade da Subsecretaria de Prevenção Social à Criminalidade (Supec), Flávia Cristina Silva Mendes, explica que as oficinas do Mediação de Conflitos surgem em uma perspectiva de pensar o protagonismo comunitário nas ações de segurança pública, principalmente das mulheres, moradoras dos territórios onde o programa atua. “Essas mulheres podem, sim, pensar ações de segurança, podem conduzir e fomentar essas ações. Neste ano, ficou mais evidente que é uma estratégica interessante para alcançar toda a comunidade. Queremos potencializar, inserindo cada vez mais mulheres no âmbito da segurança pública”, reforça a superintendente.
Histórico
O Programa Mediação de Conflitos, ao longo dos seus 18 anos de trajetória, tem fidelizado o seu compromisso com a promoção do protagonismo comunitário diante dos variados contextos de violências e criminalidades. As oficinas do PMC são uma das práticas que, pautadas na Mediação Comunitária e Segurança Cidadã, surgiram a partir da execução do Projeto ComAgente, iniciado em 2021. O projeto visou promover a participação social por meio de referências comunitárias nas ações e construções em prol do enfrentamento e prevenção às violências. Ao longo da sua jornada, o projeto realizou 15.292 atendimentos e, considerando os seus exitosos resultados, quantitativos e qualitativos, em 2022 o ComAgente foi encerrado, abrindo as portas para as Oficinas do PMC.
Texto: Bernardo Carneiro
Fotos: Tiago Ciccarini