Os motoristas pegos dirigindo sob efeito de álcool tiveram, como pena alternativa, que se reunir, por doze sábados, para discutir a legislação e o comportamento no trânsito. Ao final do curso, comandaram a blitz, para mostrar que aprenderam muito bem que álcool e direção não combinam. 

A coordenadora do projeto, Luciana Prates, ressalta a importância de permitir que motoristas que cometeram infrações revejam sua conduta no trânsito e, mais do que isso, adquiram novos conhecimentos. Para isso, “eles têm aula de legislação, de direção defensiva e o objetivo é que, a partir do que aprenderam, se tornem multiplicadores de conhecimento sobre trânsito”.

Os motoristas são divididos em turmas de 30 pessoas, monitoradas por um especialista em trânsito, e assistem a filmes, palestras, participam de discussões, júris simulados e vão até o hospital João XXIII para verem, de perto, a gravidade das consequências dos acidentes de trânsito. De acordo com a assistente social da Ceapa, Míriam Mendes, do Núcleo de Prevenção à Criminalidade de Belo Horizonte/Centro, o grupo chega resistente mas, ao final, se envolve e gosta muito do projeto.  Essa foi a sensação do auxiliar de produção Flávio Roberto dos Santos, de 31 anos, autuado pela primeira vez. Ele conta que, no início, se sentia culpado, mas que, com a dinâmica das aulas, realmente mudou seus hábitos. Se antes ele bebia e dirigia, agora “só guaraná, suco ou uma cervejinha sem álcool”. Em relação à blitz, ele gostou, especialmente, do potencial multiplicador. “É irreverente e a gente pode ajudar não só os amigos, mas todas as outras pessoas, passando uma mensagem boa para todo mundo”, afirma.

A mudança de hábitos é, para o publicitário Ricardo Almeida, de 53 anos, a coisa mais importante do curso. “Eu dirijo há mais de 35 anos e havia uma permissividade em relação a dirigir alcoolizado. No curso a gente tem noção de que mudou a lei, então a gente tem que se adequar à nova cultura que é se beber, não dirija, se dirigir, não beba”, ensina Ricardo. O colega de turma, Valter da Silva Alves, que obteve sua carteira de habilitação há 14 anos, concorda que sua postura no trânsito mudou bastante e acrescenta, animado, um novo item aos benefícios do curso: “Além de conscientizar sobre a questão do álcool e direção, não deixa de ser um momento de lazer aos sábados”.

Essa é a 20ª turma participante do projeto que, em 2009, atendeu 600 motoristas que cometeram delitos de trânsito. A previsão é que, em 2010, o número de turmas formadas seja ainda maior. De acordo com Míriam Mendes, o grau de desistência é de apenas 8% - casos que são encaminhados ao Poder Judiciário, para que sejam tomadas as medidas cabíveis – e até hoje não houve nenhuma reincidência. “Para nós, eles são muito mais que infratores, são pessoas que nos ajudam a pensar um trânsito mais humano e mais solidário. Elas não saem daqui do mesmo jeito que entraram”,  comemora Míriam.

Ceapa - A Ceapa é um dos programas da política de prevenção à criminalidade da Seds. O objetivo é a redução do índice de reincidência criminal por meio de trabalhos educativos com os infratores encaminhados pela Justiça. As penas alternativas são destinadas às pessoas que cometeram delitos considerados de médio ou baixo potencial ofensivo e podem ser aplicadas na forma de prestação de serviço à comunidade, pena pecuniária (doação de cestas básicas, por exemplo), limitação de fim de semana, interdição temporária de direitos e perda de bens e valores. O programa é dividido em quatro grupos temáticos: drogas, meio ambiente, trânsito e violência de gênero.
 
 
 

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