Esses são apenas alguns dos dados do boletim divulgado nesta quinta-feira (15.12) pela Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase) da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), que traz informações sobre o fluxo de atendimento e os padrões socioeconômicos e infracionais dos adolescentes que passaram pelo Cia/BH nos anos passado e retrasado. O relatório está disponível em Boletim Suase.
Entre os anos de 2009 e 2010, houve um aumento de 2,5% no número médio de atendimentos, que passou de 26,4 atendimentos/dia para 27,1 atendimentos/dia. Os dados sobre os adolescentes que passam pelo CIA/BH são coletados sistematicamente com o objetivo de realizar o monitoramento do atendimento inicial, embasar as políticas socioeducativas e as políticas transversais, como as de educação, assistência social e prevenção à criminalidade, para evitar o retorno dos adolescentes ao sistema socioeducativo.
A diretora de Gestão da Informação e Pesquisa da Suase, Carolina Proietti Imura, reforça a importância de conhecer a realidade para intervir de maneira mais estratégica e racional. “A parceria dos diversos órgãos não só para garantir o pleno cumprimento do que está na lei, que é o atendimento pleno aos adolescentes, mas também para a obtenção de informações, é essencial para o monitoramento do trabalho e para pensar propostas e rever as políticas”, afirmou.
Enquanto dados da Vara da Infância e da Juventude de Belo Horizonte mostram que cerca de 60% dos adolescentes liberados pela autoridade policial para responder ao processo em liberdade não compareciam quando convocados pela justiça para a audiência preliminar, o relatório divulgado pela Suase mostra que, em 2010, quase 80% dos adolescentes que entraram no CIA/BH tiveram sua audiência preliminar realizada em até um dia. De acordo com o subsecretário de Atendimento às Medidas Socioeducativas, Ronaldo Araújo Pedron, a articulação dos órgãos responsáveis pelo atendimento inicial do adolescente a quem se atribua a autoria de ato infracional é um fator decisivo para que o sistema de justiça apresente uma resposta ágil e efetiva ao ato infracional praticado, contribuindo para a prevenção da reiteração do cometimento desses atos. “Parte-se da premissa de que a intervenção será tão mais eficaz quanto mais próxima for ao ato praticado, diminuindo a reiteração na prática de atos infracionais e contribuindo para melhoria dos índices de criminalidade em Belo Horizonte”, disse.
Atos infracionais
O relatório mostra, também, quais foram os principais atos infracionais cometidos pelos adolescentes que passaram pelo CIA/BH. Em 2009, o ato infracional com o maior percentual de registro foi posse para uso de drogas (21,09%), seguido por tráfico de drogas (20,76%) e furto (12,48%). Já em 2010, 25,35% dos atos referem-se ao tráfico de drogas, que passa a ser o ato mais frequente, ultrapassando a posse para uso de drogas, que representou 20,76% do total de atos infracionais. Furto ficou em terceiro lugar, representando 11,32% das infrações.
Por outro lado, percebe-se que entre os atos com menor proporção de registros destacam-se aqueles em que está envolvida violência ou grave ameaça à pessoa, como sequestro, latrocínio, tentativa de homicídio, estupro e homicídio que, juntos, somaram 1,03% das ocorrências em 2009 e 0,96% em 2010.
Quanto aos locais em que os atos infracionais foram cometidos, o boletim mostra que, nos dois anos, a regional centro-sul concentrou a maior proporção de registros (14,3% em 2009 e 18,7% em 2010), seguida pela regional noroeste (9,8% em 2009 contra 13,1% em 2010). No outro extremo, os menores percentuais de atos infracionais foram registrados nas regionais Norte (4,8% em 2009 e 8,3% em 2010) e Pampulha (5,5% em 2009 e 5,6% em 2010).
Perfil
O relatório mostra que o padrão geral da distribuição da idade e sexo dos adolescentes não se alterou substancialmente de 2009 para 2010. A participação percentual de cada idade sobe progressivamente dos 12 aos 17 anos para, em seguida, cair a partir dos 18 até os 20 anos. A maior concentração de adolescentes está entre os 15 e 17 anos (72,3% em 2009 e 75,9% em 2010) e a maior parte é do sexo masculino (87% em 2009 e 88% em 2010).
Cerca de 30% dos adolescentes que passaram pelo CIA/BH nos dois anos responderam um questionário socioeconômico. Os resultados mostram que a maioria dos adolescentes entrevistados se declara da cor parda (35,1% em 2009 e 40,9% em 2010) e são solteiros (94,8% em 2009 e 93,1% em 2010). A maioria (80,4% em 2009 e 79,3% em 2010) declarou não trabalhar e pouco mais da metade estuda (52,2% em 2009 e 52,3% em 2010).