A produção é fruto das oficinas de vídeo e fotos, que são realizadas dentro e fora da Casa São Luís e celebra os três anos de inauguração do espaço, onde adolescentes infratores cumprem medidas de semiliberdade, previstas no art. 120 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) é responsável pela execução destas medidas, por meio da Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase), e para a diretora de Gestão das Medidas de Semiliberdade, Bruna Albuquerque, “o resultado e a trajetória da produção do vídeo vão direto no coração das medidas de semiliberdade, pois contribuem para uma mudança das vidas dos adolescentes”.

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O videoclipe A Corda Bamba traz a música cantada e composta pelo MC Pipoco, adolescente que cumpre medida na Casa, e a letra trata dos dilemas da adolescência e do percurso de um jovem até receber do juiz a determinação prevista no ECA. O desequilíbrio vivido na corda bamba tem uma esperança, idealizada dentro da Casa de Semiliberdade, e cantada no rap pelo MC Pipoco “só penso em liberdade, vou dar uma letra pra vocês, não entra nessa não, o crime é só cadeia e caixão”. A psicóloga e diretora geral da Casa, Raquel Guimarães Lara, explica que “as imagens do videoclipe estão associadas à atividades externas da São Luís e mostram cenas do cotidiano em Belo Horizonte, escolhidas e produzidas  pelos adolescentes, cujo papel é fundamental na releitura de espaços e vinculações com a cidade, além das suas próprias identidades”.
 

Três anos

imagem_034.jpgA Casa de Semiliberdade Liberdade São Luís tem capacidade para 15 adolescentes e foi inaugurada em novembro de 2008. A diretora trabalha na casa desde 2008 e conta da experiência com alguns jovens que estiveram na casa: “temos notícias deles principalmente pelo Programa Se Liga, desenvolvido para egressos das medidas. É uma grande satisfação quando encontramos com alguns deles inseridos no mercado de trabalho, em lojas ou empresas de prestação de serviços. Recentemente um adolescente que cumpriu medidas aqui telefonou para nós e veio  tomar um café, e trouxe o pão feito por ele na padaria onde trabalha”.
 Nas casas de semiliberdade os adolescentes podem sair durante o dia para estudar ou receber tratamento médico e em seguida devem retornar. A Suase executa a medida em parceria com prefeituras e instituições não governamentais. Atualmente são 11 unidades, sendo 8 na capital e 3 no interior do estado, nos municípios de Governador Valadares, Juiz de Fora e Muriaé.

imagem_039.jpgAs unidades são localizadas em bairros comunitários, com acesso próximo a ônibus, posto de saúde, escola e locais de lazer. Os adolescentes se inserem na medida a partir do pressuposto de que só é possível se pensar em responsabilização pelo ato infracional quando a relação com a liberdade é posta em questão. Neste sentido, a Semiliberdade se propõe a acompanhar o adolescente na responsabilidade pelo exercício de uma liberdade, que encontre a sua medida na vida em comunidade.

Favela é Isso Aí

A ONG foi criada com o intuito de contribuir para a redução da discriminação de moradores de vilas e favelas, promover geração de renda para artistas e ajudar a prevenir e minimizar a violência.
 A antropóloga Clarice Libânio, idealizadora da ONG, acompanhou todo o processo de criação do videoclipe, junto com sua equipe, e relata ter se surpreendido com os jovens. “Ficamos felizes com o envolvimento, a participação e o conteúdo dos adolescentes. Eles realmente são capazes de falar e refletir sobre suas vivências e produzir um material de qualidade”, ressalta Libânio.

Crédito fotos: Bernardo Carneiro