Conhecido como Gringo da Vila Aparecida, Gilbert Passos, 23 anos, vai disputar a principal luta de MMA do campeonato Fire Cage Internacional, nesse sábado, 25.03, às 20h, no Ginásio Poliesportivo Tancredo Neves, em Montes Claros. Da categoria peso leve, o rapaz é um dos alunos da oficina de Jiu Jitsu do Programa Fica Vivo!, do Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Gilbert nasceu nos Estados Unidos, mas, quando ainda era recém-nascido, passou a ser criado pelo tio e pela avó materna no Aglomerado da Serra. Aos seis anos de idade foi morar com a mãe no país natal. Só voltou em 2013, quando entrou na oficina de Jiu Jitsu do Fica Vivo!.
“Além de participar da oficina do Fica Vivo!, treino aproximadamente 8h, todos os dias da semana”, diz Gilbert.
O tio do rapaz, Ely Stole, de 42 anos, é o professor da oficina de Jiu Jtsu e não poupa elogios ao pupilo. “O Gilbert é dedicado e apresenta um grande potencial. Quando ainda era faixa azul, lutou contra um oponente faixa preta. O Gilbert acabou com a luta em 39 segundos, por finalização, que é quando o atleta imobiliza o oponente”, relembra o oficineiro.
Recentemente, Gilbert participou com outros 800 atletas do programa The Ultimate Fighther Brasil 2015, disputado no Rio de Janeiro com transmissão pela TV Globo. O rapaz do Fico Vivo ficou entres os 50 melhores. Só não prosseguiu porque teria de disputar as etapas seguintes limitado por lesões adquiridas nas primeiras lutas.
O professor Ely diz ter mais dois alunos do mesmo nível técnico do sobrinho. Esses lutadores do Fico Vivo! da Serra também disputam campeonatos profissionais de MMA, mas, como trabalham, têm pouco tempo para treinar. “Uma pessoa demora cinco anos, no mínimo, para chegar ao nível de qualidade deles. Os outros alunos têm os três como referência. É muito bom quando um atleta desponta e é tido como exemplo; não o dono da boca”, diz, referindo-se aos chefes do tráfico de drogas no Aglomerado da Serra.
A gestora dos Centros de Prevenção à Criminalidade da Serra e do Santa Lucia, Mayesse Parizi. diz que o surgimento de talentos fora de série nas oficinas do Fico Vivo! deve ser comemorado, mas destaca que não é esse o objetivo do programa. Segundo ela, o Fico Vivo! tem caráter inclusivo, dando oportunidade a todos os jovens das comunidades a praticarem esporte e arte.
“Os meninos estão se desenvolvendo profissionalmente. Isso é motivo de muito orgulho, mas é importante lembrar que o principal foco do programa é atender jovens com idade entre 12 e 24 anos, que residem em comunidades de alta vulnerabilidade, como é o caso do Aglomerado da Serra”, argumenta Mayesse.
As oficinas do Programa Fica Vivo! são abertas ao público, não tem uma data de início ou término, e o jovem não tem obrigação de participar. O adolescente que se identifica com uma determinada oficina permanece, não por obrigação, mas por satisfação. Mesmo sem esse compromisso, os cerca de 30 alunos atendidos por mês na oficina de Jiu Jitsu são assíduos, afirma o oficineiro Ely.
O Programa Fica Vivo! atua desde 2006 nas sete Vilas que integram o Aglomerado da Serra (Cafezal, Fátima, Conceição, Marçola, São Lucas, Aparecida e Fazendinha) e atende em média 370 adolescentes por ano. Atualmente funcionam 17 oficinas de esportes e atividades artísticas. Neste mês, a unidade da Vila Aparecida também passará a fazer mediações de conflitos.
Por: Dayana Silva
Crédito fotos: Renato Cobucci/Imprensa MG
