A emoção de Renata Pimentel ao cantar “Lamentações” era visível. A música, que é uma declaração de amor à mãe, fala de saudade e mais do que isso mostra a vontade de viver diferente depois de cumprir a pena no sistema prisional. Após gravar, emocionada, Renata pergunta: minha mãe vai ficar feliz quando ouvir esse CD, não vai? De uma família de escritores, a detenta escreve desde criança, mas é a primeira vez que canta. Ela se inscreveu no Festipen com quatro composições próprias. “O concurso é uma chance de mostrar que não é porque caí que não vou me levantar”, afirma. Nos planos para o futuro, estão cursar uma universidade (ela é uma das primeiras formandas do ensino médio da Penitenciária Feminina Estevão Pinto), e “nunca mais parar de escrever”, diz.
 
A vontade de continuar compondo Renata divide com Moisés Araújo. O pernambucano é músico há 15 anos, mas nunca teve oportunidade de gravar um CD. Prestes a cumprir a pena, ele já planeja mostrara o novo disco a empresários, rádios e gravadoras além de apresentar as novas composições. Por isso está sempre com caderno e caneta “para não perder nenhum momento de inspiração”. Com o nome artístico de Evaldo Batista, suas composições refletem as coisas que estão em sua volta e o estilo musical é inspirado em Amado Batista.
 
Para Geasi da Silva, o futuro já começou. Ele aprendeu a cantar no presídio Dênio Moreira, em Ipaba, no Leste do Estado. Cumprindo pena em regime semi-aberto, ele já faz algumas apresentações na cidade de Ipatinga, além de dar aula de violão para outros detentos. Ele já conseguiu um empresário, e assim que cumprir o restante da pena, pretende gravar um CD e publicar livros, também escritos durante a reclusão.
 
O CD Vozes das Celas II é uma iniciativa da Seds, com recursos da lei federal de Incentivo à Cultura. Esse ano, o CD com 15 músicas terá 3.000 cópias, que serão distribuídas gratuitamente. Cada compositor ganhará 50 cópias e o restante será distribuído pelas secretarias de Cultura e Defesa Social.