Os dez projetos premiados, neste ano, no III Prêmio Qualidade de Atuação do Sistema de Defesa Social, têm em comum a interlocução entre o sistema e a comunidade. Ao todo, foram 81 trabalhos inscritos. A diretora de análise da Superintendência de Avaliação, Juliana Maron, explica que o objetivo foi disseminar e divulgar experiências bem sucedidas a fim de multiplicá-las. O resultado do Prêmio foi divulgado no último dia 27 de agosto e a premiação deverá acontecer em novembro,em local a ser definido. Todos os projetos receberão um kit composto por notebook, projetor, câmera digital e um pendrive. Foram premiados projetos realizados pelas Polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros e Seds.

A categoria Sistema Socioeducativo teve dois projetos contemplados: “Descobrindo Talentos, Educando pelo Esporte” e “Sexualidade e Privação da Liberdade”. O primeiro é uma iniciativa que tem o intuito de valorizar os adolescentes do Centro Socioeducativo Nossa Senhora Aparecida, em Montes Claros, por meio de atividades físicas. Os adolescentes têm a oportunidade de, uma vez por semana, praticar futebol no Centro de Treinamento do FUNORTE Esporte Clube e serem avaliados por profissionais da área. “O esporte não é feito só de diversão, tem também regras. Por meio do cumprimento dessas regras, estes jovens têm a possibilidade de reinserção na sociedade”, conta Josedeth Guimarães, idealizador do trabalho.

O segundo projeto da categoria, “Sexualidade e Privação da Liberdade” além de abordar temas comuns ao universo do adolescente, como sexualidade e afetividade, capacita jovens para que eles próprios possam ministrar as oficinas. “Uma vez por mês, as atividades escolares são interrompidas em função do projeto. Nós percebemos uma diferença grandiosa no comportamento dos meninos. Quando os encontros demoram a acontecer, eles vêm nos cobrar quando será o próximo”, conta a coordenadora do Centro de Internação de Governador Valadares, Cristiane Vieira de Oliveira.

Participaram da categoria Prevenção à Criminalidade, os projetos “Cozinha Comunitária Bem Servir” e “Construindo Novos Horizontes”. O primeiro teve início em 2006, fruto dos atendimentos do programa Mediação de Conflitos do Núcleo Prevenção à Criminalidade (NPC) Santos Reis, de Montes Claros. A técnica social do programa Mediação, Noelma Rezende Santos, é uma das idealizadoras do projeto. Ela contabilizava um grande número de famílias que se sustentavam com menos de um salário mínimo e decidiu enviar cartas sugerindo uma nova opção de fonte de renda. “O grupo identificou o ramo alimentício como positivo”, conta. A iniciativa atende hoje a 25 famílias da região do Grande Santos Reis.

Já o “Construindo Novos Horizontes” é uma parceria da Faculdade Santo Agostinho e da Seds, também via NPC de Montes Claros. O objetivo é atender os egressos das unidades prisionais dos bairros Jaraguá e Alvorada. Por meio dos cursos ministrados, os ex-detentos são capacitados para trabalhar na área de construção civil. Para a técnica social do NPC, Betiene Velloso, a premiação é um reconhecimento da importância do projeto, uma vez que possibilita a continuidade da ação e sua qualificação. “É uma valorização do trabalho que vem sendo desenvolvido.”

A Polícia Militar teve três projetos contemplados, nas cidades de Unaí, São Francisco e Lavras. O “Adolescente Cidadão”, de Unaí, prepara os jovens para o mercado de trabalho, auxilia na busca de melhores rendimentos escolares, bem como desmitifica a ideia de heroísmo associada aos criminosos. Para isso, são realizadas visitas pelas indústrias de Unaí e desenvolvidas atividades esportivas e culturais. Os adolescentes envolvidos ainda beneficiam-se de atendimento psico-pedagógico. O 1º Tenente José dos Anjos Luiz Alves diz não ter sido fácil conseguir o apoio da iniciativa privada. “A indicação para esta premiação valoriza o grande esforço que fizemos, coroa com êxito nosso trabalho”, afirma.

O projeto “Aprendendo a Conviver”, de São Francisco, destaca-se pelo acompanhamento da rotina de crianças e adolescentes com o intuito de combater o uso de drogas e diminuir a estatística de jovens em conflito com a lei. “Nós começamos a trabalhar com crianças que apresentavam problemas escolares, no bairro Sagrada Família. Mas percebemos que a origem da deficiência estava em casa. Então, estendemos a assistência para os familiares destes jovens”, relata o elaborador do projeto, cabo Passos, que acredita que a premiação amplificará a visibilidade do serviço e dará um novo estímulo aos profissionais envolvidos.

“Educação Ambiental – Ecolândia”, de Lavras, teve início em 2006, e conta com o apoio do Ministério Público. O projeto conscientiza a comunidade sobre a importância da preservação do meio ambiente. Projetos e programas educacionais são realizados em um centro de educação ambiental. Estudantes do Centro Universitário Unilavras e da Universidade Federal de Lavras (Ufla) têm a oportunidade de colocar em prática o que aprendem em seus cursos, ministrando palestras que abordam temas socioambientais. “Entre 2006 e hoje, já são 8000 participantes”, afirma, orgulhoso, o sub-comandante da 6ª Companhia de Meio Ambiente e Trânsito, capitão Ageu Evangelista.

“Redes Sociais” é uma iniciativa da Polícia Civil, realizada na cidade de Santana do Paraíso, que subdivide-se em três frentes: atendimento integral aos menores, atendimento familiar, e atendimento educacional. O agente de polícia e gerente do projeto, Juliano de Cássio Ferreira Mata, explica que a divisão é necessária para que uma criança , numa situação de carência, seja financeira, emocional ou de qualquer outra espécie, possa ser plenamente atendida.

O projeto “Horta Terapêutica” é desenvolvido em uma unidade anexa à Penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves. Segundo o idealizador do trabalho, o diretor de segurança do Centro de Apoio Médico e Pericial, Alexandre Henrique, a atividade funciona como terapia para os internos. “A agressividade deles diminui muito! A finalidade foi ocupar o tempo ocioso dos presos e, ao mesmo tempo, utilizar uma terra fértil que estava desperdiçada. O resultado é uma maior limpeza em volta da unidade, o que facilita a visualização e aumenta a segurança”, completa. As verduras produzidas na horta são diariamente doadas para o Abrigo Municipal de Ribeirão das Neves.

O Corpo de Bombeiros Militar, de Juiz de Fora, foi premiado com o projeto “Golfinho”. Por meio dele, jovens de 7 a 14 anos aprendem algumas modalidades da natação, além de participarem de atividades culturais. “Nosso objetivo é apresentar-lhes uma outra realidade, oferecendo-lhes noções de disciplina e responsabilidade. Ao mesmo tempo, contribuímos para diminuir a criminalidade e revelar novos talentos”, afirma o Coronel Rodney de Magalhães, um dos idealizadores da iniciativa.