Mães privadas de liberdade do Presídio Feminino José Abranches Gonçalves comemoraram com seus filhos, nesta segunda-feira, 10.10, o Dia das Crianças. A festa, que reuniu 60 meninas e meninos, tomou conta da quadra de esportes da unidade prisional, em Ribeirão das Neves, no Território Metropolitano.

Teve cachorro quente, algodão doce, pipoca, refrigerante, entrega de brinquedos e também muito choro de alegria e emoção das mães. Algumas delas, por causa de pendências na guarda judicial, não viam os filhos há quase um ano.

A diretora-geral do presídio, Eliane Lopes Coelho, explica que a mãe privada de liberdade só pode receber visita regular do filho se ele estiver acompanhado de uma terceira pessoa que detenha a guarda judicial da criança.

“Mas hoje criamos um momento especial. Queríamos que todos os dias de visita fossem assim”, disse a diretora-geral, que lançou mão da possibilidade da ‘visita extraordinária’, prevista no regulamento da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap). Para beneficiar o maior número possível de mães, até mesmo duas crianças que estão recolhidas em abrigos foram levadas para a comemoração por pessoas responsáveis por essas instituições.

Teatro

O clima de festa foi reforçado pela apresentação de três artistas do Grupo Maria Cutia de Teatro, que tem 10 anos de palco, no Brasil e no exterior. O ator Leonardo Rocha, um dos criadores do grupo, celebra a força de atração das artes cênicas, independentemente do local e do público. “Criamos outra realidade, fazemos sempre um pacto da imaginação e isto foi possível aqui. Durante o espetáculo, vi uma mãe, de olhos fechados, cheirando o cabelo do filho. Foi muito bonito!”, contou Leonardo.

Saudade

A diretora de Atendimento do Presídio Feminino José Abranches Gonçalves, Letícia Rodrigues, destaca que aproximadamente 95% das internas da unidade têm filhos. “Tivemos uma grande participação das equipes técnica, administrativa e de segurança na organização e realização da festa. Todos sabem da importância de ajudar a manter os vínculos familiares”, declarou.

A mãe Jéssica Roberta Fidélis, de 25 anos de idade, disse que aproveitou a festa para abraçar e brincar muito com o filho de quatro anos. “Estava há um ano sem ver meu filho, contei os dias e as horas. Foi a melhor coisa que podia ter acontecido.”

Já Natielle de Fátima Sérgio Gomes, de 28 anos, matou a saudade de seis meses do filho, também de quatro anos de idade. “Estava muito ansiosa e não consegui conter as lágrimas. Isto foi um presente de Deus.”

Por Bernardo Carneiro

Crédito fotos: Omar Freire/Imprensa MG