O CES tem capacidade para 25 vagas para adolescentes do sexo masculino e atende Belo Horizonte e região metropolitana. A unidade garante acesso à convivência familiar e comunitária, a atividades culturais, educacionais, terapêuticas, esportivas e de lazer, além de atendimentos na área de saúde, escolarização formal e profissionalização.
 
Segundo o diretor de Medidas de Semiliberdade e Meio Aberto da SGAS, Bernardo Micherif Carneiro, é preciso que seja fortalecida uma política de semiliberdade. “Para isso, temos que dar unicidade ao trabalho, que hoje é feito por meio de parcerias com metodologias distintas. O CES surge como primeira proposta em Minas Gerais para dar unidade a essa política”, explica.
 
Em Minas, existem duas casas de semiliberdade vinculadas ao Instituto Pauline Reichstul, que são a Unidade de Semiliberdade Alpes, com dez vagas, e a Unidade de Semiliberdade Amazonas, também com dez vagas. Vinculadas aos Salesianos estão a Unidade de Ouro Preto, com oito vagas, e a Unidade Santa Terezinha, com doze. E ainda existem o Pólo de Evolução de Medidas Socioeducativas – Pemse, em Juiz de Fora, com oito vagas, e a Unidade de Semiliberdade de Governador Valadares, com 20.
 
A superintendente da SGAS, Ludmila Feres, explica que o objetivo do CES é qualificar o encaminhamento dos adolescentes para as unidades de semiliberdade, delimitando a autorização do seu direito à liberdade e localizando qual a direção será dada para o cumprimento da medida. “O CES tem a função de possibilitar que os adolescentes possam inciar o cumprimento da medida, mesmo antes de chegarem às casas de semiliberdade, o que acaba dando qualidade ao sistema socioeducativo”, esclarece.

Semiliberdade

A necessidade da criação do CES se deu no primeiro semestre de 2007, quando a Suase inaugurou duas casas de semiliberdade. Contudo, o aumento de vagas em Belo Horizonte gerou um elevado crescimento de aplicação da medida, muito acima da capacidade de atendimento do sistema até então existente. Isto contribui para o acúmulo crescente de adolescentes com sentença de semiliberdade aguardando vagas nos centros de internação provisória.
 
Segundo conta Ludmila Feres, esses adolescentes estavam em uma situação bem diferente do que a medida propõe, medida à qual eles teriam não só o dever, mas o direito de cumprir. “Eles estavam totalmente privados de atividades externas, direito fundamental que define o cumprimento da medida de semiliberdade. Sem as atividades externas, os adolescentes estavam cumprindo uma medida de internação”.
 
Após uma série de discussões envolvendo a Seds, Defensoria Pública, Juizado e promotorias, houve a decisão de que os centros de internação provisória deveriam se adequar para viabilizar aos adolescentes o acesso aos direitos da medida de semiliberdade. Assim, deu-se início à criação do Centro de Encaminhamento para a Semiliberdade.
    
Pioneirismo

O Governo do Estado, de forma pioneira no Brasil, incluiu a semiliberdade na política estadual de meio aberto, ao contrário dos outros estados em que a medida de semiliberdade é executada, que sempre a definem como um acessório da medida de internação. Em Minas, o tempo que o adolescente  permanece na unidade e o atendimento que daí decorre deve ser visto, segundo o diretor Bernardo Micherif, como um espaço para se localizar qual a relação que o adolescente tem estabelecido com seus momentos de liberdade. “Quando a medida de semiliberdade oferta uma cota de liberdade, ela oferece a possibilidade do uso que ele fará dessa liberdade. Só é possível se pensar em responsabilização pelo ato infracional se a liberdade é posta em questão. A semiliberdade é a medida que possibilita com mais clareza o manejo de uma liberdade sob medida”, afirma. A Superintendente Ludmila Feres completa: “Nesse processo, ainda é possível se fazer uma avaliação constante dos vínculos familiares e comunitários, além de sua posição subjetiva em relação ao ato infracional”.
 
Ainda haverá, este ano, a construção de mais três casas de semiliberdade em Belo Horizonte, sendo duas para adolescentes do sexo masculino, com quinze vagas cada, e uma para adolescentes do sexo feminino, com dez vagas.  Além disso, será construída uma casa para vinte adolescentes do sexo masculino em Contagem, totalizando mais 60 vagas até o fim de 2008.

Meio Aberto

Considerando que, muitas vezes, a reiteração de atos infracionais ocorre em função da desarticulação das  ações e à falta de atuação do Poder Público, o Governo de Minas considera que não basta que o Estado pense o atendimento ao adolescente autor de ato infracional somente a partir da execução das medidas socioeducativas privativas de liberdade.
 
Assim, o Estado reafirma sua função de articulador entre o Poder Judicário, Ministério Público, municípios, os órgãos de segurança pública e, principalmente, entre as próprias medidas, produzindo um redirecionamento nas prioridades do processo socioeducativo do adolescente. É nesse espaço que se localiza a aplicação das medidas de meio aberto como alternativas que à medida de privação de liberdade, a mais grave dentre as previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que só deve ser aplicada em caráter excepcional.
 
Ano passado, houve a criação de 170 vagas no Meio Aberto em convênios com as prefeituras de Montes Claros, Itajubá e Itabira. Este ano, foi feita parceria com Juiz de Fora para 90 vagas. Outras parcerias ainda serão feitas, totalizando 530 vagas até o fim do ano.

Data da inauguração: 19 de maio, segunda-feira
Horário: 10 horas (convidados) – 9h30 (imprensa)
Local: Centro de Encaminhamento para Semiliberdade
Rua Conselheiro Rocha, 3792     Santa Tereza