A arte em patchwork de um grupo de jovens e senhoras artesãs é destaque em espaços de design.

As pessoas que passam pelo bairro não podem deixar de conhecer o grupo Maria Felicidade, composto por artesãs que fazem desse trabalho artesanal uma fonte de renda e de resgate da auto-estima. As onze mulheres, que dividem uma sala no Espaço Recriar, confeccionam toalhas de mesa, colchas, almofadas, puxa-sacos e o que a imaginação permitir, tudo com a técnica que utiliza retalhos. Elas já têm como vitrine uma loja na Savassi, a AA Design, e importantes feiras de artesanato e utilidades domésticas, como a Expominas e a Unilar.

Uma das participantes do grupo, Ivanete Pereira Martins, que agora já pode ser chamada de coordenadora, conta, com orgulho, o bom resultado dos trabalhos: “Estamos vendendo bastante. O lucro é dividido entre o grupo em três partes: uma fica para a caixinha, outra para a compra de material e outra para nós. Ainda não podemos dizer que atingimos a autonomia financeira, mas o dinheiro arrecadado ajuda bastante na nossa vida”.

Ivanete também comenta sobre a venda dos produtos no comércio: “A loja da Savassi é muito chique e é uma propaganda para nós. Lá uma colcha de casal é comercializada por R$ 1 mil. Sinal de que o nosso trabalho é valorizado”.

Quem revela mais uma novidade do Maria Felicidade é a diretora da Aprecia, Maria Virgínia Fonseca. Em visita a Belo Horizonte em janeiro de 2009, a diretora do Centro Cultural Brasil-Cabo Verde, Marilene Lopes, com sede no país africano, soube das atividades do projeto e resolveu conferir de perto. “Ela achou tão interessante a iniciativa que quer levar a experiência para lá e para Guiné Bissau.

No fim do ano, devo ir pra lá apresentar nosso trabalho”. A Associação Preparatória de Cidadãos do Amanhã (Aprecia) é parceira da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) na implantação de unidades produtivas para geração de renda nas comunidades onde estão instalados Núcleos de Prevenção à Criminalidade.

Rotina

O grupo Maria Felicidade é uma das unidades produtivas que contam com o apoio da Seds e da Aprecia, que é uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip). As artesãs encontram-se diariamente para, além da produção e venda de produtos artesanais, estabelecerem laços de solidariedade, fortalecimentos individual e coletivo, resolução de conflitos e discussão de temas relativos a seus cotidianos. Enquanto trabalham, essas mulheres falam sobre violência doméstica, educação dos filhos, tráfico e uso de drogas, perdas afetivas e – por que não? – sobre sonhos de um futuro melhor.

O diretor de Articulação Comunitária da Seds, Talles Andrade de Souza, explica que a parceria com a Aprecia viabiliza uma articulação efetiva entre os usuários da política de prevenção à criminalidade e o mercado, através do emprego formal ou dos projetos coletivos de geração de renda e capital social dentro de espaços chamados unidades produtivas. “Trata-se de importante fator de proteção social capaz de atuar positivamente na minimização de fatores de risco que causam o aumento da violência. Além disso, podemos contar com os próprios cidadãos para criarem alternativas locais para seus problemas em relação à criminalidade”.