A história de Tiago e Jhenifer tem despertado a curiosidade das pessoas. Para ajudar os interessados a entender como os dois se conheceram, se apaixonaram e finalmente resolveram se casar é preciso voltar um pouco no tempo. Os dois se conheciam há dois anos, quando ainda estavam em liberdade, mas nunca tinham namorado. Chegaram a ficar um ano sem manter contato, período em que apenas o destino se encarregou de fazer com que se cruzassem, ocasionalmente, pelas ruas da cidade. “O amor começou mesmo foi aqui dentro”, revela a detenta.

Há oito meses, ela e Tiago começaram trocar cartas, ocasião em que os dois já estavam privados da liberdade, ambos por tráfico de drogas. A partir daí, o sentimento foi se tornando cada vez mais forte. O diretor da unidade, Alexandre Assis, é testemunha e grande apoiador da união do casal. Ele diz que sempre procurou promover eventos coletivos, onde todos os detentos se reúnem, em datas festivas como Natal, Dia das Mães e Dia dos Namorados.

Jhenifer foi surpreendida pelo pedido de casamento durante uma dessas confraternizações.  Tiago conta que já estava interessado por ela, mas ainda não tinha se declarado. No dia, ele decidiu que não perderia a chance e venceu a timidez. “Há muito tempo eu já vinha pensando nela e tinha muita vontade de que a gente ficasse junto”, revela.


Sonho e realidade

Para a detenta, casar-se era um sonho que pôde ser concretizado. O grande dia do casal se tornou realidade no último dia 12 de maio. A preparação de Jhenifer começou dentro da unidade, que se transformou em salão de beleza. Agentes prisionais fizeram às vezes de cabeleireiras e maquiadoras. Um bonito vestido branco, conseguido pelo diretor, a partir de uma doação, deu o toque final. “Não tive um dia de noiva, tive um dia de princesa”, destaca a presa.

Em uma viatura da Superintendência de Administração Prisional (Suapi), os noivos seguiram escoltados para o cartório, onde aconteceu a cerimônia civil. Familiares, agentes, direção da unidade, autoridades da cidade e curiosos assistiram à inusitada união. Uma grande festa esperava o casal e seus convidados no presídio. Antes, porém, Alexandre Assis os levou para um dos pontos mais românticos da cidade: o Pico do Amor.

O diretor do presídio diz que resolveu oferecer um presente especial a Tiago e Jhenifer. “No caminho de volta do cartório eu fiquei pensando em qual seria a lembrança que os dois teriam desse dia. Seria somente a da própria memória de cada um. Então decidi levá-los para fazer uma sessão de fotos”, conta.

Após os flashes e teve início a tão aguardada festa. Na lista de convidados, cinco parentes de cada noivo, seis detentos, todas as presas da unidade, além de um pastor e um padre que abençoaram o casal. Doações também garantiram o cardápio da comemoração, com salgadinhos e o tradicional bolo. Nem mesmo o buquê deixou de ser jogado. Para Jhenifer, apesar de ter sido em um presídio, a experiência foi emocionante e inesquecível.

A partir de agora, marido e mulher poderão se encontrar, a cada 15 dias, em visitas íntimas. No período em que estiverem longe um do outro, as cartas continuarão sendo a opção disponível para diminuir a saudade e manter aceso o sentimento que os uniu. Para o futuro, eles fazem planos. Quando conseguirem a liberdade, pretendem construir uma família. Juntos selaram um pacto: comprometeram-se a orientar e conscientizar os futuros filhos de que o crime não compensa.

 

Foto: Arquivo Ascom/Seds