“Bate tambor, bate tambor, hoje é dia de alegria”. Foi essa a primeira letra que o artista Maurício Tizumba ensinou às detentas do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto (Piep), na aula inaugural do projeto Tambor de Ideias, realizado em parceria entre a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), por meio da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Mulheres.

Na tarde da última terça-feira (21.09), as detentas  assistiram a demonstrações de canto, passos de dança e ritmos como Congo, Moçambique Serra Acima e Moçambique Serra Abaixo, utilizando instrumentos de percussão. Nos próximos encontros, 20 presas irão aprender a confeccionar tambores e formarão um grupo musical. A ideia é que elas possam se apresentar na Conferência Nacional de Direitos Humanos, que esse ano acontecerá em Belo Horizonte. “Estamos implantando um projeto piloto e nossa intenção é que dê tão certo e se expanda tanto que se transforme em um programa de governo de caráter permanente”, afirma a coordenadora Especial de Políticas Públicas para Mulheres, Eliana Piola.

O subsecretário de Administração Prisional, Genilson Ribeiro Zeferino, ressalta a importância da presença de pessoas de fora na unidade, para “dar a perspectiva de que há um mundo que as aguarda”. Para ele, a atividade é uma forma de preparar as detentas para voltar à sociedade. “Esse novo grupo é mais uma força externa para mostrar que o início da história a gente não pôde escolher junto, mas que o final, com certeza, nós vamos escrever juntos”, diz. O subsecretário ressalta que, para atingir esse objetivo, a responsabilidade é compartilhada não só entre a Suapi e as próprias presas, mas precisa da participação efetiva dos agentes penitenciários. “A responsabilidade que vocês têm com o sucesso dessa atividade tem uma relação direta com o que vocês acreditam que é a missão do agente – cuidar das pessoas que erraram, mas juntos construir uma nova história”, falou para o corpo de funcionários da unidade prisional.

Tambor de ideias

As oficinas serão desenvolvidas pela Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Mulheres em parceria com a Associação Espaço Sonoro, com o objetivo de desenvolver nas participantes a habilidade natural de tocar instrumentos simples de percussão, cantar e dançar em grupo. Para Maurício Tizumba, que há mais de 33 anos desenvolve trabalhos na área da cultura negra em Minas Gerais e no Brasil, “a arte tem que ir em tudo quanto é canto”.

Cibele da Conceição, de 23 anos, está na Piep há 4 meses e tem interesse em participar da oficina. Ela gosta muito de música e tocava tantan antes de ser presa. “É bom para distrair, tirar coisas ruins da cabeça”, diz. A julgar pelo envolvimento dela e das outras detentas, que bateram palma, cantaram e tocaram juntas, a arte encontrou um bom “canto” para se instalar e ontem (21.09) foi, realmente, um dia de alegria.