No Centro Socioeducativo São Jerônimo, onde adolescentes do sexo feminino cumprem medidas socioeducativas de internação na capital, foi instalado um salão de cabeleireiro que agora, pela primeira vez, recebe uma turma de quatro meninas e quatro meninos, de outra unidade, para um curso profissionalizante. A capacitação tem duração de dois meses e carga horária de 130h, com aulas teóricas e práticas e envolvem desde ensinamentos sobre postura profissional e empreendedorismo até detalhes minuciosos sobre química, coloração e corte de cabelos masculinos e femininos.
Esta é a primeira de quatro turmas que serão formadas ao longo de aproximadamente um ano. A previsão é que sejam profissionalizados um total de 32 adolescentes até o fim de 2017. E quem leciona as aulas, que acontece aos domingos e terças-feiras, é um agente socioeducativo efetivo há seis anos, que também é cabeleireiro profissional. O agente e também instrutor, Marcus Vinícius Oliveira Silva, de 32 anos, comemora a iniciativa do projeto.
“Eu me sinto pleno e realizado, pois uma das minhas funções como agente socioeducativo é trabalhar pela ressocialização do adolescente. Estou ajudando-os por meio das técnicas de cabeleireiro, que é outra atividade que eu amo desempenhar. Sei que ao final do curso eles estarão aptos a trabalhar na área como auxiliar e, então, a buscar cada vez mais o aperfeiçoamento”, disse Marcus Vinícius, que conta também com o apoio da cabeleireira Luciana Abreu, voluntária do projeto.
Na bancada, oito protótipos com cabelos naturais servem como manequins para as aulas práticas. A adolescente Viviane Reis*, de 19 anos, se diz muito satisfeita com a oportunidade. A jovem, que já é mãe de uma bebê de três meses, se divide entre afagos e cuidados com a filha e o aprendizado. O carrinho de bebê fica sempre pertinho da sala onde as aulas são realizadas e o conhecimento adquirido, segundo ela, será uma oportunidade para conseguir emprego ao fim da medida e continuar cuidando da filha.
Vale lembrar que o Centro Socioeducativo São Jerônimo inaugurou este ano o espaço mamãe-bebê, que permite que adolescentes em cumprimento de medida de internação e que estejam grávidas possam ganhar o bebê e ficar ao lado dos filhos até que eles completem seis meses de vida.
Já os quatro jovens que também fazem o curso, cumprem medida no Centro Socioeducativo Andradas. Todos os domingos e terças-feiras eles são levados ao São Jerônimo para participar das aulas. Fabiano Marques* já cortava cabelo masculino e encontrou no curso a possibilidade de se profissionalizar e crescer na área. Na terceira semana de aula os alunos estavam tendo lições de coloração. Pela primeira vez Fabiano fez teste de coloração em uma mecha de cabelo do manequim e gostou da experiência. “Quero aprender muito mais pra poder ter uma profissão e conseguir ganhar o meu dinheiro”, disse o adolescente de 17 anos.
O salão
Todo o material utilizado para as aulas, como os manequins, as escovas, secadores, pranchas, máquinas de corte e produtos de manipulação foram adquiridos por meio de doações. Um dos parceiros do projeto Salão Escola São Jerônimo doou a maior parte dos materiais, que custaram cerca de R$12 mil. No local já existia desde 2003 um espaço de beleza, onde as adolescentes podiam cuidar dos cabelos. Este mesmo espaço foi transformado agora em salão-escola, onde está sendo realizado o curso profissionalizante.
Matéria: Flávia Lima
Fotos: Omar Freire - Imprensa/MG
