O evento aconteceu nesta quinta-feira (10.12), simultaneamente, em 17 locais públicos do Estado escolhidos pela Superintendência de Prevenção à Criminalidade (Spec) da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). O objetivo foi divulgar os quatro programas de prevenção oferecidos: o Ceapa (Central de Apoio e Cumprimento às Penas Alternativas), Mediação de Conflitos, Programa de Reintegração Social do Egresso (PrEsp) e Fica Vivo!.

Os cinco jovens participaram da intervenção realizada na Praça da Liberdade, que contou também com uma apresentação de um grupo de percussão do Fica Vivo! do Núcleo de Prevenção à Criminalidade (NPC) do bairro Ribeiro de Abreu. Descontraído, o secretário de Estado de Defesa Social, Maurício Campos Júnior, pediu que eles tocassem um samba e até arriscou um traço numa das telas de grafite que estavam sendo compostas na hora.

Maurício Campos disse que considera a iniciativa uma boa oportunidade para dar visibilidade e transparência à política de prevenção à criminalidade desenvolvida pela Seds e também um convite para que a sociedade absorva a cultura da paz e participe ativamente, aumentando a capacidade de prevenção do Estado. “Há um clamor das pessoas por mais repressão, porém, é preciso entender que ações de cunho preventivo podem ser mais eficazes, sobretudo se diminuirmos as vulnerabilidades relativas à criminalidade”, enfatizou a superintendente de prevenção, Fabiana Leite.

Tendas
O Dia P aconteceu em tendas montadas em praças localizadas em Belo Horizonte, na região metropolitana e em cidades do interior do Estado, como Ipatinga, Uberaba, Uberlândia, Montes Claros, Juiz de Fora e Governador Valadares. Técnicos dos programas ficaram à disposição da população para esclarecer dúvidas e fazer encaminhamentos.

 Na Praça da Liberdade, por exemplo, a dona-de-casa Eunice de Carvalho Coura quis saber como acessar o Mediação de Conflitos para resolver um problema de excesso de barulho que enfrenta com uma escola infantil vizinha à sua casa, no bairro Ribeiro de Abreu, região noroeste da capital. “Descobri que há um Núcleo de Prevenção à Criminalidade bem pertinho de mim e que preciso procurá-los solicitando um encontro entre as partes. Estou otimista. Acho que podemos chegar a um acordo”, contou.

Fabiana disse que divulgar as ações desenvolvidas pela secretaria é importante porque a comunidade passa a entender a realidade em seu entorno e sente-se motivada a participar. “O problema da segurança pública não se restringe à periferia das grandes cidades, ele é de todos e clama pelo envolvimento de todos”.

Diagnósticos locais são desenvolvidos junto ao Crisp (Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública) da UFMG e estes, por sua vez, apontam novas áreas para a implantação da política de segurança pública. “A partir daí, propomos a execução de fatores de proteção social por meio dos nossos programas. Além dos atendimentos, realizamos seminários que discutem junto às instituições parceiras temas como o da violência intrafamiliar, violência contra o idoso, contra a criança e o adolescente e tráfico de drogas. A ideia é construir políticas levando-se em consideração as peculiaridades de cada comunidade”, enumerou.

Atendimentos
Ao todo 450 pessoas, entre psicólogos, advogados, oficineiros e técnicos especializados, participam dos programas de prevenção. Somente neste ano, 15 mil jovens foram atendidos pelo Fica Vivo!, outras 10 mil pessoas pela Ceapa, 1200 egressos do sistema prisional foram beneficiados pelo PrEsp e 12 mil pessoas pelo Mediação de Conflitos.

Cerca de 5 mil instituições parceiras - como creches, escolas e organizações não governamentais - foram beneficiadas com a prestação de serviços à comunidade, por meio das penas alternativas. “A Ceapa recebeu prêmio do Ministério da Justiça, em 2008, como uma das melhores práticas no Acompanhamento às Penas Alternativas”, lembra a superintendente Fabiana.

Gabriel Dias, oficineiro do NPC Taquaril, um dos quatro artistas que pintaram os quadros ao vivo na Praça da Liberdade, disse acreditar que quando o assunto é arte, o planejamento não é tão importante. “Às vezes, é melhor deixar o sentimento fluir, sentir a energia do instante da criação”, avalia. Ele reconhece, no entanto, que para seus alunos Lauro Júnior e Jerry Charles Júnior, de 14 e 12 anos, o melhor é esboçar antes os desenhos. Para eles, participar das atividades oferecidas pelo Fica Vivo! é uma chance de aprender coisas novas e construir perspectivas para o futuro. “Quero ser profissional, como o Gabriel”, revelou Lauro.