Cerca de 200 alunos de escolas da rede municipal de Ipatinga, no Vale do Rio Doce, e 40 dependentes químicos em tratamento em quatro comunidades terapêuticas do município participaram de atividades lúdicas de prevenção ao uso de drogas nesta quarta-feira, 24.05. A Maratona da Prevenção contou com gincana para as crianças e adolescentes e jogos de futebol para 40 dependentes químicos atendidos por comunidades terapêuticas do município. 

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 As ações foram realizadas pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), por meio da Subsecretaria de Políticas Sobre Drogas, em parceria com a prefeitura, ao longo de todo o dia, na Escola Municipal Altina Oliveira Gonçalves. Com a gincana, os jovens puderam conhecer os riscos do consumo indevido de álcool e drogas de uma forma criativa e diferente. E ainda, de forma totalmente espontânea, durante os intervalos, jogaram futebol com os dependentes, conhecendo melhor a rotina de quem já enfrentou os problemas com drogas.

Além das atividades lúdicas, as crianças da gincana arrecadaram alimentos que foram destinados às Comunidades Terapêuticas. Para a subsecretária de Políticas sobre Drogas da Sesp, Patrícia Magalhães, a atividade representa uma forma diferente de trabalhar um tema sério, que resulta em diversos problemas sociais. “Estudos apontam que quanto mais cedo a pessoa inicia o uso de entorpecentes, maior a possibilidade dela desenvolver a dependência química. Por isso, é importante promover ações de prevenção para a conscientização desse público jovem”, destaca Patrícia.

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O estudante do ensino fundamental, Amauri Tito, de 14 anos, da Escola Municipal Nelcina Rosa de Jesus, integrou o grupo da equipe que conquistou a primeira colocação no turno da tarde. Ele estava feliz por ter conquistado a medalha, mas disse que todos ganharam no dia. “Os adolescentes recebem diversas influências e precisam ter consciência do perigo que as drogas pode trazer”, disse o aluno.

Cristiano Gomes, de 31 anos, também acredita que o evento ajuda a conscientizar esses jovens e prevene a dependência química - um mal que lhe atinge desde a juventude. Há um mês, em uma sexta-feira, após três tentativas suicídio, ele acordou decidido a se tratar para recuperar todos os seus elos perdidos: casamento, família, amigos e trabalho. “Minha esposa não suportou ficar ao meu lado, não via mais meu filho, perdi o emprego e minha mãe praticamente já não falava mais comigo”, revela Cristiano. Nesse dia, ele decidiu sair de casa a pé, em direção à Comunidade Terapêutica Missão Resgate, em Ipatinga, que ficava a 192 km de distância, na busca por um tratamento. Dormindo pela BR, chegou na noite de domingo. Ele deixou apenas um bilhete para a família: “O dia que eu mudar, volto”. Em 2008 ele já havia passado por um tratamento e ficou sem o uso de drogas por seis anos, quando teve uma recaída.

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Capacitação da Rede para prevenção a recaída

Para evitar problemas como o vivido por Cristiano, no mesmo dia, do outro lado da cidade, no auditório do Hospital Municipal Eliane Menezes, profissionais que trabalham na Secretaria Municipal de Assistência Social, Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Educação, Sistema Prisional, Polícia Militar, Comunidades Terapêuticas e no Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas passaram por uma capacitação de Prevenção a Recaída.

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A palestra foi ministrada pelo chefe de Gabinete da Subsecretaria de Política sobre Drogas da Sesp, Luciano Pinheiro. Ele conta que o dependente químico vive “pela droga e para a droga” e, muitas vezes, com laços familiares já fragilizados, o indivíduo passa a ser isolado e marginalizado.

“Não há um fator determinante para a dependência química. Cada caso é um caso. Mas é preciso compreender que o sujeito é um agente ativo no seu processo de recuperação. Ele tem que querer. E os profissionais precisam estar aptos para auxiliá-lo nesse percurso”, destaca Luciano.

Fotos e Matéria: Dayana Silva