O Centro de Prevenção à Criminalidade (CPC) do Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, realizou, nesta sexta-feira, 07.08, um encontro com os líderes das associações comunitárias da região. A iniciativa faz parte da agenda comemorativa dos 10 anos de atividades do programa Mediação de Conflitos da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) distribuídas por 31 CPC’s instalados em Minas Gerais.

Aglomerado da Serra

O programa atua em comunidades marcadas por altos índices de criminalidade violenta para encontrar formas pacíficas de resolução de litígios. O encontro da Serra foi precedido de um mapeamento do chamado capital social local, que é justamente a soma das pessoas e instituições existentes que possuem capacidade de mobilização dos moradores para o enfrentamento dos problemas sociais do território.

“Estamos em uma fase de reconhecimento: nós precisamos reconhecer a comunidade e os moradores também precisam nos reconhecer. Temos observado que a conscientização da comunidade em relação ao programa tem aumentado. Também aumentou o índice de atendimento por indicação de outras instituições (escolas, igrejas, hospitais, etc...), que representa 40% dos atendimentos”, conta a técnica social em Direito Eliane Batista.

A equipe do programa que atua no Aglomerado da Serra fica instalada no Centro de Prevenção à Criminalidade (CPC) da região, mas decidiu promover o encontro no Centro Cultural Vila Fátima. O local foi escolhido para facilitar o acesso de Dalila Monteiro, de 87 anos de idade, que mora em frente ao Centro Cultural e tem dificuldade de locomoção.

Dalila é uma líder de importância histórica para a comunidade. Mesmo caminhando com dificuldade, fez questão de participar do encontro. Ela conta orgulhosa que foi uma das primeiras moradoras do Aglomerado da Serra. Chegou à região no fim dos Anos 40, quando tinha 21 anos de idade. Para ilustrar os assuntos, Dalila trouxe fotos e documentos de seu arquivo pessoal. “Na época havia uma casinha ou outra. O resto era tudo mato”, relembra a moradora.

Hoje, o Aglomerado da Serra é um dos maiores conjuntos de vilas e comunidades do Brasil e o maior de Minas Gerais, com uma economia local própria. A região é constituída por sete vilas: Cafezal, Fátima, Conceição, Marçola, São Lucas, Aparecida e Fazendinha.

O líder comunitário Antônio João, de 68 anos, também esteve presente. Ele disse que o programa Mediação de Conflitos é um ganho para a região e se mostrou disponível para atuar em parceria com a equipe. “Sou um homem analfabeto, mas sou um líder comunitário muito bem preparado. Tenho orgulho por lutar há mais de 60 anos pelo direito de pensamento, expressão e à vida”, destaca.

A equipe conta que os principais atendimentos feitos no aglomerado são referentes a pensão alimentícia, questões trabalhistas e pessoas em conflito com a Lei. A maioria dos casos não carece de intervenção, mas de orientação social e sobre direitos.

Por Dayana Silva

Crédito fotos: Veronica Manevy/Imprensa MG