A comitiva do Governo e do Poder Judiciário do Rio Grande do Norte encerrou nesta sexta-feira, 11.09, visita a Minas Gerais convencida de que a aposta do Estado nos Centros de Reintegração Social das Associações de Assistência e Proteção aos Condenados (Apac’s) é positiva e pode melhorar o sistema prisional. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) repassa recursos para as Apac’s, que são organizações da sociedade civil filiadas à Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (Fbac), para a construção e manutenção dos CRS´s. Em 2015, foram mais de R$ 18 milhões para 33 centros.

Comitiva do Rio Grande do Norte no auditório do Centro de Reintegração Social de Itaúna. (Foto: Marcilene Neves / Seds MG)

Durante os dois dias que permaneceram em Minas, o secretário de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte, Edilson Alves de França, os juízes do Programa Novos Rumos na Execução Penal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte Gustavo Marinho Nogueira Fernandes, coordenador, e Andreo Aleksandro Nobre Marques e da servidora Guiomar Veras de Oliveira conheceram o Método Apac e visitaram os CRS’s masculino e feminino de Itaúna, na Região Centro Oeste, e de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Em Itaúna, o grupo visitou os alojamentos dos regimes fechado, semiaberto e aberto, as áreas de trabalho, como as oficinas de artesanato e de produção de peças para ar condicionado de automóveis de uma montadora da região, e conheceram toda a estrutura administrativa.

“Eu sou um admirador deste modelo e, por isso, viemos a Minas Gerais. Essa visita toca nosso coração e mexe em tudo que está dentro de nós, como a boa vontade e a sensibilidade e, ao mesmo tempo, do ponto de vista material, ela nos ensina como ele funciona. Eu já sabia e, agora tive a certeza, que nas Apac´s mineiras eu teria o sinal de que algo pode ser feito para salvar o sistema penitenciário”, destacou o secretário de Justiça.

Disciplina

O Método Apac tem como linha central a humanização no cumprimento das penas e se baseia em 12 pilares que compreendem as vertentes psíquica, social e religiosa do preso. De acordo com o diretor executivo da Fbac, Valdeci Antônio Ferreira, disciplina é a palavra de ordem dos centros de reintegração.

A rotina de atividades, segundo ele, é intensa, das 6h da manhã às 10h da noite. Todos os reeducandos têm de estudar e trabalhar. Porém, essa disciplina muito rígida é mesclada com palestras de valorização humana, com atos de cunho religioso, espaços lúdicos de teatro e dança, momentos de lazer, para romper com a ociosidade e ao mesmo tempo ajudá-los a enxergar novos horizontes. “A confiança também é um pressuposto da metodologia Apac”, disse.

Integrantes da comitiva visitam a oficina de marcenaria. (Foto: Marcilene Neves / Seds MG)

O reeducando Claudio Antônio Firmino, de 44 anos de idade, está no CRS de Itaúna há oito meses. Vindo de uma unidade prisional com rotina diferente, ele diz acreditar que confiança no método de recuperação. Por trabalhar na horta do CRS, ele costuma fazer uma analogia entre a sua condição humana atual e o cultivo de uma muda de hortaliça.

“Quando você está plantando uma muda de couve, por exemplo, você tem a satisfação de ver aquela planta germinando e crescendo. No início, quando a gente coloca ela na terra, a planta murcha e parece que vai morrer. Depois você se surpreende e percebe que ela está revivendo e crescendo. A mesma coisa está acontecendo com minha vida. Eu não tinha um objetivo, estava sem rumo. Aqui, eu estou renascendo como essa muda de couve e várias outras que já plantei”, afirmou.

Ao fim da visita, reeducandos do Apac Masculina fizeram uma apresentação musical para os visitantes com hinos de louvor e agradecimento por acreditarem que eles podem ter uma outra vida e novas oportunidades.


Por Marcilene Neves

Crédito fotos: Marcilene Neves