Com o objetivo de combater o preconceito e a violência de gênero, o Centro Socioeducativo de Divinópolis criou um módulo de atividades da oficina de artes totalmente dedicado à mulher. Os internos passaram a pintar quadros com personagens femininas e, paralelamente, a discutir sobre a violência contra a mulher e as implicações da Lei Maria da Penha. Os quadros dos adolescentes serão expostos nos corredores da Câmara Municipal neste fim de ano.
A diretora-geral da unidade, Veryane Rosária de Oliveira, destaca a importância deste tipo de atividade na internação. “É uma iniciativa socioeducativa que conscientiza e educa sobre a mulher, algo que não está no cotidiano deles lá fora. Pretendemos com isso descontruir certas ideias machistas e mudar o comportamento deles com as mulheres”.
A reação dos adolescentes tem sido bastante positiva, assegura a professora de Artes, Lucimara Vidal. Segundo ela, os debates sobre o papel da mulher na sociedade tem sido enriquecedores para os garotos. “Durante as nossas conversas, eles sempre se lembram das mulheres de suas vidas, como mãe, avó, namorada, etc. e refletem sobre o comportamento que tiveram com elas até hoje”.
A oficina de pintura do Centro Socioeducativo de Divinópolis tem a tradição de propor temas que gerem uma reflexão e debates educativos com os adolescentes. Vinte meninos participam atualmente das aulas, que acontecem quatro vezes por semana na parte da tarde e têm duração de 50 minutos cada uma. Além de pintura, os meninos aprendem decoupage e artesanato com palito de picolé.
Parte do material usado na produção dos quadros é oferecida pela Escola Estadual que funciona no Centro Socioeducativo de Divinópolis. O suprimento de tintas, pincéis e telas é complementado com dinheiro arrecado com a venda de quadros.
A oficina de artes é uma das cinco possibilidades de formação complementar no contraturno da jornada escolar diária. Os internos podem optar por jogos lúdicos, dança de rua, temáticas com as técnicas, esporte e pintura.
Adriano Junqueira*, de 16 anos, escolheu a oficina de artes, sem pestanejar. Ele pintou uma mulher com um violão, inspirado em um grafite que viu num muro da cidade. “Eu já fiz curso de desenho, gosto muito disso. A pintura alivia a minha mente”, explica o rapaz.
Por Fernanda de Paula
Crédito foto: Marcelo Sant'Anna/Imprensa MG