Numa parceria da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), por meio da Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas, com o Senai, custeada pelo programa federal Pronatec, 29 adolescentes internados no Centro Socioeducativo Horto estão fazendo uma série de cursos profissionalizantes. O aprendizado começou em outubro do ano passado e inclui pintura predial e marcenaria, especialmente para a produção de cadeiras.ESCOLHIDA 2

Os adolescentes foram selecionados pela equipe técnica do centro, que levou em conta o perfil psicológico, o interesse, o tempo de internação determinado pela Justiça, o comportamento, entre outros critérios.

Segundo a equipe de pedagogia da unidade, para o curso de carpinteiro, por exemplo, foram selecionados 11 alunos considerados mais maduros, já que os equipamentos e ferramentas podem causar ferimentos graves, caso não sejam manuseados de forma segura e responsável.

O curso de pintor soma 105 horas práticas e 115 teóricas. A parte prática, por sinal, beneficiou o próprio ambiente em que os adolescentes cumprem medida de privação de liberdade. Distribuídos em duas turmas, eles pintaram todo o salão família, onde recebem visitas, o muro, o refeitório, corredores e alguns alojamentos.

Pela primeira vez no Sistema Socioeducativo, o professor do Senai, Humberto Felix Lúcio Júnior, diz ter se surpreendido com o interesse e a dedicação da turma e até com o clima agradável durante as aulas. “É um desafio, aprendo muito com eles todos os dias”, observa.

Igor Amaral*, de 16 anos de idade, brinca que nunca tinha chegado perto de uma lata de tinta antes e que não podia esperar, quando foi julgado, que teria a oportunidade de aprender o ofício de pintor durante a internação. “Estou gostando muito do curso, pintar é muito bom, quase uma terapia. Pretendo exercer essa profissão lá fora, é um trabalho tranquilo com retorno rápido e que paga bem”, diz o adolescente.

Já Gustavo Alvares*, de 17 anos, ficou maravilhado com a oportunidade de aprender a fazer móveis e artefatos de madeira. “Fiz bancos, mesas, cadeiras, e muitas outras coisas. Contei pra minha mãe e ela ficou muito orgulhosa, falou que quer alguma coisa do tipo de presente. O curso me inspirou muito a mudar de vida, quero sair, estudar, trabalhar e ter um futuro melhor”.

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Os cursos terminam nesse mês, quando os rapazes receberão os certificados em uma cerimônia no próprio Centro Socioeducativo Horto. A diretora de Formação Profissional da Suase, Poliane Figueiredo, destaca que os cursos de formação continuada representam, antes de tudo, uma grande conquista para os adolescentes.

“Na maioria dos casos, antes do acautelamento, eles já estavam com os vínculos escolares rompidos. Além da contribuição na construção de vínculo com um estudo formal, os cursos subsidiam os jovens nas suas escolhas profissionais e possibilitam o encaminhamento para o mercado de trabalho, com grande possibilidade de sucesso” afirma Poliane.


*Nomes fictícios.

Por Fernanda de Paula

 

Crédito fotos: Osvaldo Afonso/ Impresa MG