Famílias e instituições carentes de Ribeirão das Neves, que não têm condições de comer peixe, devido ao preço alto, terão esse alimento na mesa de casa. É que nesta terça-feira, 07/03, mais de uma tonelada de tilápias foi retirada do tanque de piscicultura, localizado no Presídio Antônio Dutra Ladeira. O projeto, que existe desde 2011, conta com o trabalho diário de oito presos, que monitoram, pesam, alimentam e cuidam do açude e dos animais. Desde o início, todo alimento produzido no espaço é destinado para o Banco de Alimentos da cidade, que fica responsável pela distribuição.

 

A subsecretária de Humanização do Atendimento, Emília Castilho, esteve presente na despesca e aproveitou para parabenizar os envolvidos e destacar os esforços do Governo de Minas em ampliar o projeto para outras unidades. “Esse projeto vai ao encontro dos objetivos da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), que é de humanizar o Sistema. Essa atividade dá uma oportunidade de profissionalização e ressocialização para os presos e ainda ajuda muitas famílias carentes”.

O projeto foi criado em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Ministério da Pesca e Aquicultura. No primeiro ano de produção, agentes e presos participaram de uma capacitação em piscicultura, oferecida pela UFMG. Além da retirada dos peixes, eles aprendem como tratar os animais, qual ração utilizar em cada fase da vida deles e como fazer a higienização do local. Os peixes são regularmente medidos e pesados para se calcular quantidade de alimentação a ser fornecida. Eles também são submetidos a monitoramento e tratamento de possíveis doenças.

Nesses seis anos de projeto, mais de sete toneladas já foram retiradas do tanque, num total de oito despescas. Cerca de 50 detentos já trabalharam no local e foram beneficiados com a oportunidade. José da Silva Resende, agente penitenciário e gerente de produção, foi o servidor que sempre cuidou e participou da ação. Ele relata como a atividade muda a vida dos detentos. “Teve um preso que trabalhou aqui comigo e ele é lá de Formiga. Quando ele ganhou o alvará e saiu da unidade, voltou para a cidade dele e abriu um negócio junto com a família. Ele fez questão de me ligar e contar que tudo o que aprendeu aqui estava sendo praticado lá, com os peixes dele. É muito gratificante poder dar essa oportunidade e mudar a vida desses presos”, afirma José Resende.

O preso Alan Plácido é um dos integrantes do projeto. De Governador Valadares, já havia trabalhado em várias áreas, mas nunca com piscicultura. Ele vê na ocupação uma nova profissão. “É muito importante para mim essa oportunidade, porque a partir do momento em que a gente sai da cela e vem para o trabalho, nos distraímos e aprendemos uma nova profissão que muda nossos objetivos de vida. E espero poder levar isso para o resto da minha vida e investir quando eu sair daqui”.

Preparação

Para assegurar a qualidade dos peixes de criatório para consumo humano, alguns cuidados são obrigatórios. Três dias antes da retirada, chamada de despesca, a alimentação dos peixes é interrompida para facilitar a limpeza, evitando a contaminação da carne. Retirados dos tanques-rede, os peixes são mergulhados em recipientes com água gelada e transferidos no mesmo dia para câmaras frigoríficas, onde são congelados.

 

Por Fernanda de Paula

Crédito fotos: Carlos Alberto Pereira / Imprensa MG